Coronavírus já causa mortes em casa e enterros sem testes, diz Wilson à CNN

Governador do Amazonas alerta ainda que há notificação de casos de pessoas contaminadas pelo coronavírus e falou da dificuldade de dispor de testes rápidos

Wilson

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC Amazonas em Brasília*

Publicado em: 23/04/2020 às 04:00 | Atualizado em: 23/04/2020 às 12:15

Em entrevista nesta quarta-feira (22) à CNN, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), afirmou que há muito casos de pessoas que estão morrendo em casa. E por causa da sobrecarga do laboratório central para teste do coronavírus (covid-19), muitas pessoas podem estar sendo enterradas sem ter feito a testagem.

“Também temos dificuldade para fazer a testagem porque não há capacidade para testar todo mundo”.

Como resultado, é nítida a notificação de casos no estado, segundo o governador.

Além disso, a ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) no Amazonas é hoje na casa de 91%. É esse tipo de leito, com respiração artificial, capaz de socorrer o paciente com grave contaminação.

“Há muitos casos de pessoas que estão vindo a óbito em casa, sem ter a oportunidade de chegar a uma unidade de saúde”, afirmou.

Em seguida, Wilson acrescentou:

“Muitos pacientes apresentam, às vezes, sintomas leves pela manhã e, à tarde, os sintomas já evoluem, fazendo com que o paciente chegue a óbito”.

 

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Síndromes sazonais

De acordo com o governador, o Amazonas é vítima de uma situação agravante. É que a proximidade do inverno amazônico traz o período mais chuvoso do ano na região. E, com ele, maior incidência de síndromes respiratórias.

“Nós estamos vivendo duas situações diferentes. Não são só os casos de covid-19, mas também temos um outro problema, com o H1N1”. Este é o vírus da gripe influenza, que também costuma ser letal. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), de novembro de 2019 até agora, 39 pessoas morreram vítimas dessas síndromes.

 

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Intervenção federal

Sobre pedido da Assembleia Legislativa (ALE-AM) para intervenção federal na saúde do Amazonas, o governador afirmou não haver amparo legal.

“E trata-se apenas de uma ação política. Nós temos tido uma boa relação com o governo federal”.

Conforme ele, o governo federal tem ajudado desde quando começou a pandemia. Essa ajuda é em forma de liberação de recursos e envio de “alguns equipamentos”, disse.

“Naturalmente que a gente precisa de mais ainda, levando em consideração a dificuldade que temos com o sistema de saúde e o avanço exponencial do vírus no estado”.

Sobre a indicação do general Eduardo Pazuello para o cargo de secretário-executivo do Ministério da Saúde, Wilson disse apoiar.

“Ele é alguém que tem o nosso respeito, que conhece muito o estado do Amazonas e a Amazônia. Vai nos dar um reforço muito grande e tem sido um parceiro do estado. Vejo com muito bons olhos e estou muito otimista, e ele tem uma boa interlocução e vai ser uma ajuda muito grande”.

*Com informações da CNN Brasil

 

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Foto: Reprodução/TV