Funerárias acusam Bolsonaro de negar transporte de caixões para Manaus

De acordo com associação de funerárias, Manaus, que já realiza enterros em valas comuns e à noite, está à beira do colapso no setor

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Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 29/04/2020 às 19:51 | Atualizado em: 29/04/2020 às 19:51

A Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) acusou o governo Bolsonaro de negar aeronave para levar 2 mil caixões para Manaus. A entidade das funerárias alerta para colapso no setor.

Conforme nota da entidade, o estoque de caixões na capital do Amazonas não é suficiente para a média de mortes pelo coronavírus (covid-19). E segundo os números oficiais, as vítimas fatais da doença continuam crescendo diariamente.

Como resultado, a Abredif alerta que o colapso do setor vai obrigar que os corpos sejam sepultados em sacos plásticos.

Antes da crise, a média era de 30 enterros por dia na capital. Com o avanço do coronavírus, esse número quase quadruplicou.

“A situação se agrava a cada minuto. O setor tem vários caminhões carregados de urnas a caminho de Manaus. Contudo, essa viagem, que ocorre parte por via terrestre, parte por balsa, demanda vários dias. Lamentamos esse distanciamento da pauta do governo das reais necessidades da sociedade”, disse a entidade.

 

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Resposta demagógica

De acordo com o portal da Rede Brasil Atual (RBA), a associação também criticou a resposta do governo Bolsonaro. E apontou demagogia nos argumentos.

É que o governo federal informou que “adotou ações para minimizar os impactos do coronavírus no estado do Amazonas”. Resumiu essa ajuda à entrega de “55 respiradores; 486 mascaras; 46.560 testes rápidos, e o envio de 29 profissionais da Força Nacional do SUS (8 médicos, 19 enfermeiros e 2 fisioterapeutas)”.

“Chamou-nos a atenção que o número de respiradores ‘ofertados’ pelo governo é menor que a metade do número de óbitos que estão ocorrendo. Certamente, se pelo menos enviassem os equipamentos médicos na quantidade necessária, não necessitaríamos, nós funerários, de pedir apoio logístico para enviar urnas funerárias”, disse a associação.

Como resultado, depois das valas comuns e enterros à noite, o risco de colapso no sistema funerário de Manaus se aproxima.

 

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Foto: Reprodução/redes sociais