O BNC Amazonas procurou ouvir parlamentares da bancada sobre a divulgação do vídeo da reunião ministerial em que o presidente Jair Bolsonaro supostamente agiu para intervir na Polícia Federal (PF) e a respeito das ameaças feitas pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Augusto Heleno provocou uma crise institucional ao divulgar uma nota dizendo que a apreensão do celular do presidente Bolsonaro, um pedido ao STF que foi enviado à PGR (Procuradoria Geral da República), “poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”
No vídeo divulgado mais tarde, o ministro da Educação, Abraham Weintraub , aprofundou a crise dizendo que por ele colocava “esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF.”
Alguns parlamentares disseram que ainda não assistiram ao vídeo.
Entre os poucos que se posicionaram, o deputado federal Marcelo Ramos (PL) e o senador Plínio Valério (PSDB) criticaram a posição do ministro Augusto Heleno.
O deputado José Ricardo (PT) comentou o vídeo. Na sua opinião, o conteúdo revelado demonstra o despreparo de Bolsonaro para administrar o Brasil.
“Uma pessoa de baixo nível, sem preparo nenhum, ignorante total, mal-educado e um criminoso. Na reunião em nenhum momento fala para salvar vidas e cuidar da saúde da população”, criticou.
Sobre as denúncias de Sergio Moro, o deputado diz que o ex-ministro tem que responder por crimes que cometeu como prevaricação ao não denunciar os esquemas dentro do governo.
“Agora o ministro Weintraub é um ignorante, um ministro da deseducação. Não sei como encontram figuras nefastas como essas para cuidar da educação”.
Para ele, o general Heleno é um golpista. “Ele vem do regime militar acostumado a isso. Com fechamento do Supremo do Congresso Nacional. São figuras sinistras dentro do governo.”
“O ministro Augusto Heleno ainda não entendeu que agora ele já não comanda mais nenhum quartel quando ele dava ordens, ninguém questionava e todos obedeciam. Aqui fora é diferente”, disse Plínio Valério.
O senador lembrou que o general tem grande prestígio e é admirado pelos amazônidas por sua posição firme na defesa da soberania brasileira. Agora, ele faz parte de um governo democrático. O Brasil não é um quartel”, criticou.
Segundo o parlamentar, o ministro tem que entender que ameaças não ajudam em nada. “Mais importante que canhões e fuzis, é a força do diálogo. Já não precisamos mais guerrear para obter a paz. O fogo que aí está, clama por água e não gasolina”, afirmou.
Senador Plínio Valério (PSDB-AM) Foto: Pedro França/Agência Senado/arquivo
O senador informou que ainda não assistiu a integralidade do vídeo para poder se posicionar.
Já Marcelo Ramos analisou o conteúdo do vídeo e ainda criticou a postura do general Heleno.
Para ele, o vídeo é a cara do governo e da base que o sustenta. “Não vejo novos danos para Bolsonaro. Mesmo discordando da forma como o presidente trata as instituições democráticas do país, preciso reconhecer que as críticas dele são críticas avalizadas por boa parte do povo brasileiro, infelizmente”, disse.
Na avaliação do parlamentar, que também é advogado, o conteúdo do vídeo não confirma as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, mas o vídeo é apenas uma prova. “Outras serão colhidas na instrução”, lembrou.
Quanto ao general Heleno, Ramos diz que as ameaças são uma irresponsabilidade bem a cara do destempero do ministro.
“O ministro Celso de Melo recebeu um pedido, para decidir, consultou a PGR. Não há nada fora do que determina a CF (Constituição). Já a açodada e intempestiva manifestação do ministro do GSI, essa sim, é uma “evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes. Gravíssimas”, finalizou.
Foto: BNC Amazonas