Câmara dos Deputados apura violação de direitos humanos em Nova Olinda
Na localidade, foram registrados oito assassinatos, sendo dois policiais militares, três ribeirinhos, um indígena e dois não identificados

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 24/08/2020 às 17:32 | Atualizado em: 01/09/2021 às 19:26
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados enviou ofícios para as autoridades amazonenses a fim de saber informações sobre denúncias de violações de direitos humanos na região Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, no Amazonas.
No local, foram registrados oito assassinatos, sendo dois policiais militares, três ribeirinhos, um indígena e dois não identificados.
O presidente do colegiado, deputado Helder Salomão (PT-ES), recebeu relatos do deputado José Ricardo (PT) sobre supostos abusos cometidos por policiais militares a ribeirinhos e indígenas.
José Ricardo entregou ao colegiado um manifesto assinado por 53 instituições contendo denúncias de abusos por parte de policiais.
“Foram usadas práticas de tortura, cerceamento de liberdades individuais e coletivas e execuções por arma de fogo de moradores locais”, acusa o documento.
Ainda de acordo com o grupo, o indígena Munduruku Josimar Moraes Lopes foi assassinado e o indígena Munduruku Josivan Moraes Lopes e um adolescente estariam desaparecidos.
Segundo a assessoria de comunicação do colegiado, consta que a agricultora Vandrelania de Souza Araújo, da comunidade Monte Horebe, pertencente ao Projeto de Assentamento Agroextrativista Abacaxis 2, do Incra, foi encontrada morta em um rio da região.
“Além disso, dois policiais militares e um suposto traficante também teriam morrido e seis pessoas ficaram feridas. No mesmo dia, o presidente da Associação Nova Era do Rio Abacaxis (Anera), Natanael Campos da Silva, teria sido torturado por mais de uma hora e depois preso”, diz nota da comissão.
Manifesto
O documento aponta também que cerca de 50 policiais militares teriam participado da ação. Ainda de acordo com o manifesto, o trânsito pelo rio Abacaxis, tanto para comprar comida na cidade de Nova Olinda do Norte como para pesca e caça, estariam impedidos.
“São atos de extrema violência contra ribeirinhos e indígenas, tortura e possíveis execuções sumárias. Uma hipótese é que houve represália à morte de dois agentes policiais na região na véspera, dia 3 de agosto. As informações foram colhidas pelo deputado José Ricardo em oitiva virtual de ribeirinhos e lideranças locais”, explica Helder Salomão.
Receberam o pedido da CDHM o governador do Amazonas Wilson Miranda; Louismar Bonates, secretário de Segurança Pública; Ricardo Queiroz de Paiva, defensor público-geral do estado; Thiago Pinheiro Corrêa, procurador-chefe da República no Amazonas; Leda Mara Nascimento Albuquerque, procuradora-geral de Justiça do Amazonas; Eliana Torelly de Carvalho, coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão; e Alexandre Saraiva, superintendente regional de Polícia Federal.
*Com informações da assessoria da CDHM
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Foto: Divulgação/Redes Sociais