Marco Aurélio e Luiz Fux protagonizam bate-boca no Supremo
No julgamento no plenário, concluído nesta quinta, os ministros decidiram, por nove votos a um, pela manutenção da decisão de Luiz Fux.

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 15/10/2020 às 19:46 | Atualizado em: 15/10/2020 às 19:46
Os ministros do STF Luiz Fux e Marco Aurélio Mello protagonizaram um bate-boca ao final do julgamento de André do Rap, nesta quinta (15).
A discórdia se deu ao fim da votação do julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a prisão ou manutenção da soltura do traficante.
O ministro Marco Aurélio Mello se exaltou e dirigiu a palavra ao presidente do STF, Luiz Fux, conforme publicação do G1.
O ministro afirmou que Fux agiu com “autoritarismo”.
No fim de semana, o presidente do STF cassou a liminar (decisão provisória) que Marco Aurélio proferiu. A liminar permitiu a soltura do traficante André do Rap.
No julgamento no plenário, concluído nesta quinta, os ministros decidiram, por nove votos a um, pela manutenção da decisão de Fux.
Finalizado o voto de Marco Aurélio, Fux se dirigiu ao decano. Disse que a lei prevê que o ministro vencido no julgamento deveria se pronunciar de determinada maneira. Essa orientação revoltou Marco Aurélio.
“Eu apenas gostaria de indagar vossa excelência, que o plenário por sua maioria resolveu enfrentar o mérito. As leis processuais elas determinam que, vencido na preliminar, o integrante deverá se pronunciar”, disse Fux.
Marco Aurélio contestou, por sua vez, dizendo que Fux não deveria dizer como ele deve votar.
“Só falta essa, vossa excelência querer me ensinar como eu devo votar. Não imaginava que seu autoritarismo chegasse a tanto”, afirmou o ministro.
“Só falta vossa excelência querer me peitar para eu modificar o meu voto”, disse.
Luiz Fux respondeu, decerto, ao decano do Supremo, afirmando que ele não tem razões para categorizá-lo como “totalitário”.
Imagem do Supremo
Para Fux, seria uma “autofagia não defender a imagem da Corte depois que lhe bateram à porta para denunciar que o traficante desse nível pudesse ser solto”, declarou.
E complementou: “Depois, enganando a Justiça, debochando da Justiça, enganando vossa excelência [Marco Aurélio], que determinou que ele cumprisse determinados requisitos, ele deixasse o país. Autofagia seria deixar o STF ao desabrigo”, afirmou Fux. “Que nós tenhamos dissenso, mas nunca discórdia”.
Marco Aurélio, contudo, contestou dizendo que não se sente enganado pelo traficante. “Reconheço o direito à autodefesa”, afirmou.
“E vossa excelência, quando suspendeu a minha decisão, suspendeu de ponta a ponta, inclusive as medidas cautelares”.
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Foto: Fabio Pozzebom/ABr/arquivo