Comandante do Exército, em recado a Bolsonaro: “Nada de política no quartel”

O vice-presidente Hamilton Mourão endossou a fala do general Edson Pujol: "Verbalizou o nosso modo de pensar"

Ferreira Gabriel

Publicado em: 13/11/2020 às 18:00 | Atualizado em: 13/11/2020 às 18:43

O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, afirmou nesta quinta-feira (12), durante uma transmissão ao vivo por rede social, que os militares não querem “fazer parte” da política. Além disso, ele declarou que também não querem que a política “entre” nos quartéis.

Pujol fez a afirmação dois dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”. Esta, declaração foi ao se referir à possibilidade de o país ser alvo de sanções. Sobretudo, por conta do desmatamento na Amazônia.

Em setembro, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, cogitou a imposição de barreiras comerciais ao Brasil por esse motivo.

A declaração de Bolsonaro gerou críticas de parlamentares . Além disso, ocasionou uma onda de piadas nas redes sociais. Dessa forma, muitas delas faziam referências ao Exército Brasileiro.

Resposta do Exército

Na noite de quinta-feira (12), o comandante do Exército participou de um evento virtual promovido pelo Instituto para Reforma das Relações Estado e Empresa. Além dele, também participaram o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann. Assim como o ex-ministro e general da reserva Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

Em uma das questões formuladas ao general, Jungmann afirmou: “Até bem recentemente, havia quem dissesse que as Forças Armadas estão se envolvendo com a política. E eu disse que isto não era fato. As Forças Armadas, como instituições permanentes de Estado, permaneciam totalmente voltadas para as suas missões profissionais e inteiramente dentro daquilo que determina a nossa Constituição. Gostaria de ouvi-lo a esse respeito.”

Em resposta, Pujol disse que os militares não querem ter ação política. De acordo com ele, o eventual chamado para ocupação de cargos no governo é opção do Executivo.

“Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo.”

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Mourão endossa

Ao blog de Gerson Camarotti do G1, o vice-presidente Hamilton Mourão reforçou a fala do comandante do Exército, Edson Pujol. Nesta quinta-feira (12) o comandante afirmou que os militares não querem “fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis”.

Para Mourão, a política nos quartéis acaba com a disciplina e com a hierarquia.

“[Pujol] Verbalizou o nosso modo de pensar. Não admitimos política nos quartéis, pois isso acaba com os pilares básicos da instituição, a disciplina e a hierarquia”, disse Mourão.

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Foto: Marcos Corrêa/PR