Segunda derrota seguida manda Amazonino de volta para aposentadoria

Amazonino Mendes sai de cena rejeitado e nivelado pela baixaria que patrocinou no segundo turno das eleições

Por Neuton CorrĂªa, da RedaĂ§Ă£o do BNC AMAZONAS

Publicado em: 29/11/2020 Ă s 17:52 | Atualizado em: 29/11/2020 Ă s 18:01

Maior liderança polĂ­tica da virada do milĂªnio no Amazonas, o governador do Estado por quatro vezes, prefeito de Manaus por trĂªs vezes e uma vez senador da RepĂºblica, Amazonino Mendes (Podemos), de 81 anos, estĂ¡ de volta Ă  aposentadoria da qual havia saĂ­do em 2017.

O resultado do segundo turno, na capital amazonense, neste domingo, dia 29, lhe faz voltar ao recolhimento polĂ­tico.

Amazonino jĂ¡ estava fora de cena apĂ³s o fracasso de seu Ăºltimo mandato de prefeito, de 2009 a 2012.

Ausente da cidade por problemas de saĂºde, com relaĂ§Ă£o desgastada com velhos amigos, aliados e assessores mais prĂ³ximos e com alta rejeiĂ§Ă£o, ele foi obrigado a desistir de sua reeleiĂ§Ă£o naquela ocasiĂ£o.

JĂ¡ com problemas de saĂºde, que o afastaram da administraĂ§Ă£o no fim de seu mandato, Amazonino Mendes passou a dividir seu tempo entre pescaria e recepĂ§Ă£o a poucos e raros amigos fiĂ©is que lhe visitavam em sua residĂªncia no TarumĂ£.

Mas, o ostracismo polĂ­tico foi quebrado em 2017 acidentalmente, quando o ex-governador JosĂ© Melo perdeu o mandato por decisĂ£o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em aĂ§Ă£o movida pelo senador Eduardo Braga (MDB).

A reviravolta no Estado abriu nova eleiĂ§Ă£o e Amazonino foi desaposentado pelo senador Omar Aziz (PSD), que o lançou para enfrentar Braga.

Reeleito, o velho cacique rompeu com o parlamentar e as pessoas que Amazonino suspeitava terem relações com Omar.

Ele tentava montar um novo grupo polĂ­tico para disputar a reeleiĂ§Ă£o em 2018.

Mas Amazonino foi atropelado pelo estreante e desconhecido da polĂ­tica, o apresentador Wilson Lima (PSC), que, sem grupo e com uma aliança de partidos nanicos como PRTB e Rede, impĂ´s a maior derrota na histĂ³ria de Amazonino.

Nos bastidores dessa eleiĂ§Ă£o, hĂ¡ informaĂ§Ă£o de que a prĂ³pria campanha de Wilson teria sido estimulada por Amazonino para desidratar David Almeida, que surgia como sangue novo naquele pleito e com a visibilidade que ganhara como governador interino, apĂ³s a queda de Melo.

Liderando a corrida eleitoral deste ano, desde o inĂ­cio de 2020, Amazonino Mendes evitou grandes coligações e refugou atĂ© quem estava com ele, como Ă© o caso do PMN, do ex-auxiliar de primeira ordem de seu Ăºltimo mandato, o ex-presidente da Amazonastur Orsine JĂºnior.

Contentou-se com o apoio do MDB de Eduardo Braga e o tempo de TV do PSL. Mas criou dificuldades para o segundo turno, ficando isolado para a fase final da disputa.

 

Desgaste

Ao invĂ©s de potencializar as qualidades de realizador, a Ăºltima campanha polĂ­tica de Amazonino lhe fez aumentar a saturaĂ§Ă£o do eleitor amazonense ao seu nome.

Tanto é que além de derrotado, ele saiu também como o mais rejeitado do pleito.

Ele nĂ£o conseguiu capitalizar o fato de ter construĂ­do, por exemplo, a Universidade do Estado do Amazonas, e realizado de centenas de obras, fruto dos quase trinta anos de poder que teve no Estado.

 

Candidato comum

Amazonino Mendes em 2020 também perdeu o estilo e o alto nível de campanha que sempre liderou.

Tornou-se um candidato comum ao partir para a baixaria, apoiando campanhas de fake news e partindo para confrontos direto, deixando de lado o carĂ¡ter propositivo de sua histĂ³ria polĂ­tica.

 

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Fotomontagem: Alex Fideles/BNC