Indicado de Bolsonaro vota a favor de Lula em julgamento no STF

Diante dessa decisão, a PGR apresentou um recurso solicitando que fosse removido apenas o termo da delação e mantido o depoimento de Palocci no processo

Indicado de Bolsonaro vota a favor de Lula em julgamento no STF

Diamantino Junior

Publicado em: 11/12/2020 às 16:44 | Atualizado em: 11/12/2020 às 17:53

O ministro Kássio Marques votou a favor de Lula na primeira ação que analisou no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o ex-presidente.

Ontem, Marques rejeitou um recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que solicita que o depoimento de Antônio Palocci seja mantido num processo de Lula, e que apenas o termo da delação premiada seja excluído dos autos.

 

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O termo é uma espécie de contrato com os procuradores que prevê os benefícios do delator e o depoimento contém a narrativa dos crimes reveladados pelo mesmo.

Kássio Marques negou o pedido e determinou que, tanto o depoimento, quanto o termo de Palocci, sejam removidos.

Neste caso, Lula é acusado de receber propina por meio de um imóvel da Odebrecht que, segundo investigadores, abrigaria a sede de seu instituto. A transferência do imóvel, porém, não foi realizada.

O voto de Kássio Marques, apresentado no plenário virtual, deu maioria ao petista e consolidou o posicionamento da Segunda Turma a favor de Lula.

Os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes também haviam rejeitado o recurso da PGR, e Edson Fachin, acolhido.

Falta apenas o voto de Cármen Lúcia, que não mudará o resultado, hoje, de 3 a 1 a favor de Lula. A votação termina na próxima semana.

Em agosto, a Segunda Turma do STF decidiu que a delação de Palocci deveria ser retirada desta ação penal.

Naquela ocasião, os ministros Lewandowski e Mendes entenderam que ex-juiz Sergio Moro agiu com motivação política e quebrou a imparcialidade ao levantar o sigilo do depoimento de Palocci, a poucos dias da eleição de 2018.

Diante dessa decisão, a PGR apresentou um recurso solicitando que fosse removido apenas o termo da delação e mantido o depoimento de Palocci no processo.

No depoimento revelado em 2018, Palocci afirmava que as campanhas do PT de 2010 e 2014 custaram R$ 1,4 bilhão.

Naquele ano, Lula estava preso e foi substituído na eleição por Fernando Haddad.

 

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Foto: Sérgio Lima/Poder360