O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello assinou nesta quinta-feira (25) contrato para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin da Precisa Medicamentos/Bharat Biotech.
O investimento total foi de R$ 1,614 bilhão na compra da vacina produzida na Índia, segundo a Agência Brasil .
Por outro lado, a VEJA aponta pelo menos três pontos que chamam a atenção nessa parceria.
Primeiro: a Covaxin ainda está na terceira fase de testes na Índia e não tem autorização para uso no Brasil.
Segundo: o preço de cada dose é mais alto do que o de outros fármacos, inclusive daqueles que já têm autorização da Anvisa para ser aplicados no país.
Dessa forma, cada dose de Covaxin custará ao governo brasileiro 14,9 dólares. No contrato do Butantan, a CoronaVac saiu por 10 dólares. Já no primeiro lote de. vacinas da AstraZeneca importadas pela Fiocruz o preço foi de 5 dólares a dose.
O terceiro ponto é o mais preocupante. A Precisa Comercialização de Medicamentos tem um histórico recente de problemas com fornecimento de materiais na área de saúde e está no centro de um escândalo de corrupção.
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Testes de covid superfaturados
A empresa vendeu testes de covid-19 superfaturados ao governo do Distrito Federal após uma licitação fraudada, na qual foi a maior beneficiária, segundo investigações em curso.
Em razão disso, é investigada como participante de uma organização criminosa e deverá ser denunciada ainda neste ano.
A fraude foi descoberta pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal. a partir da análise, entre outros, de mensagens de celulares de autoridades da Secretaria de Saúde do DF.
Entrega metade do produto
A empresa ofereceu 300 000 testes de coronavírus por 125 reais cada um, somando 38,4 milhões de reais. O preço de uma concorrente, segundo o MP, era de 75 reais por teste.
A Precisa entregou 150 000 testes à Secretaria de Saúde do DF em 12 de maio de 2020. Segundo o MP, o produto era diferente do acordado:
A VEJA, o Gaeco informou que as investigações sobre essas firmas e seus representantes continuam e que há “provas contundentes” de crimes como fraude à licitação, lavagem de dinheiro, organização criminosa, além de corrupção ativa e passiva.
Já a Precisa negou qualquer irregularidade e disse confiar que a Justiça desbloqueará os valores.
Contratos
Sobre a negociação com o Ministério da Saúde, a empresa afirmou que não está impedida de fechar contratos com o setor público.
Tanto que já recebeu mais de 60 milhões de reais da pasta para aquisição e distribuição de insumos destinados à prevenção e ao controle de doenças sexualmente transmissíveis.
Quando a corrida mundial pela vacina começou, o presidente Bolsonaro disse que cabia às empresas procurar o governo para tentar vender seus produtos.
Esse desatino colocou o Brasil na rabeira da imunização.
Dessa forma, até nesse quesito a Precisa deu sorte. A VEJA, a empresa assegurou que partiu do ministério a iniciativa de contratar os seus serviços.
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Foto: Reprodução / CNN Brasil