O ex-presidente Lula afirmou que não tem mágoas pela condenação e pelo tempo em que permaneceu preso na Lava Jato, após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin que anulou os processos da operação que condenaram o ex-presidente.
“Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas, sou eu. Mas não tenho. Sinceramente, eu não tenho porque o sofrimento que o povo brasileiro está passando é infinitamente maior que qualquer crime que cometeram contra mim. É maior que cada dor que eu sentia quando estava preso na Polícia Federal”, afirmou Lula.
O ex-presidente realiza um pronunciamento e concederá uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (10) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.
O evento estava previsto para ocorrer na terça, mas foi adiado após o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes colocar em votação na 2ª Turma o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro.
O ministro Kássio Nunes Marques, entretanto, pediu vistas do processo, interrompendo o julgamento.
Durante o pronunciamento, o ex-presidente criticou o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo no campo da segurança pública e do combate ao coronavírus.
O petista fez, inclusive, um aceno às Forças Armadas e as forças de segurança, afirmando que não é a população que deveria ser armada, como defende Bolsonaro, mas os policiais.
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“Quem está precisando de armas é a nossa polícia, que sai para a rua para combater a violência com um revólver (calibre) 38 velho, todo enferrujado. Não são os fazendeiros que precisam de armas para matar sem-terra ou pequenos proprietários. Não são milicianos que precisam de armas para fazer terrorismo na periferia desse país, para matar meninos e meninas, sobretudo meninos e meninas negras”, afirmou.
Lula subiu ao palco acompanhado do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Guilherme Boulos, e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de sua namorada, Rosângela da Silva, a Janja. Após o pronunciamento, o petista responderá perguntas de jornalistas.
Em conversas nos últimos dias, mesmo antes da decisão de Fachin, Lula vinha enfatizando que antecipar o clima eleitoral neste momento só favorece o presidente Jair Bolsonaro, que patina na condução da pandemia do novo coronavírus.
Por isso, qualquer menção a uma provável candidatura do petista em 2022 está descartada neste momento.
No Sindicato dos Metalúrgicos, foi colocado um painel com as frases “vacina para todos e auxílio emergencial já” e “saúde, emprego e justiça para o Brasil”.
O ex-presidente planeja nas palavras de um aliado, se colocar “como porta-voz” para denunciar os problemas que o país tem enfrentado tanto na área da Saúde como na da economia.
Entre os agradecimentos, o presidente fez um longo agradecimento a figuras internacionais e destacou o atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, que teria ligado a ele após a decisão do ministro Fachin. No próximo dia 26, o presidente Jair Bolsonaro irá à Argentina.
Além dele, Lula também agradeceu ao ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, ao senador dos Estados Unidos, Bernie Sanders, e ao Papa Francisco, pelo apoio dado durante o período em que o petista estava preso.
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Foto: Lula Marques/Agência PT