Entidades indígenas renovam repúdio a Bolsonaro no Amazonas

O presidente da República está no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para inaugurar uma ponte sobre a BR-307

Governador acusa Bolsonaro de não combater coronavírus

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 27/05/2021 às 15:40 | Atualizado em: 27/05/2021 às 19:30

A organização Baniwa Koripako Nadzoeri e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) manifestaram nesta quinta-feira (27) repúdio à visita do presidente Jair Bolsonaro à terra indígena Ianomâmi em São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas.

O presidente da República visita esta tarde o município onde inaugura a da ponte Rodrigo Cibele, na BR 307, Km 91, em São Gabriel da Cachoeira.

De acordo com as entidades, o repúdio à vista se dá porque a pauta do governo Bolsonaro é anti-indígena e antiambientalista por conta da abertura das terras indígenas à exploração mineral e outras atividades econômicas predatórias e destrutivas.

“Manifestamos nossa total contrariedade a qualquer iniciativa de abertura das terras indígenas a atividades econômicas, políticas e culturais que venham ameaçar nossa paz e nossa tranquilidade de viver em nossas terras tradicionais conforme nossas tradições, culturas, nossos saberes, valores e modos milenares de vida e de existências”, afirmam os líderes das organizações Baniwa e da Foirn.

Prejuízos causados pela mineração

No documento público, os povos indígenas do Rio Negro afirmam que são contrários à mineração em suas terras porque a atividade causa graves problemas socioculturais às comunidades e famílias.

A isso decorrem a desestruturação social, cultural, familiar, exploração sexual, drogas, alcoolismo, doenças transmissíveis, alta de preços, outros males e violências.

Além do mais, a mineração atinge diretamente o meio ambiente, como a morfologia dos rios, alterada por escavações de trincheiras. A contaminação da água por metais como o mercúrio, amplamente utilizado na extração de ouro, também é outra ameaça.

“No lugar de abrir terras indígenas à exploração mineral, o Estado brasileiro deveria construir instrumentos jurídicos, administrativos e políticas públicas, com recursos financeiros adequados, para apoiar nossas iniciativas econômicas locais sustentáveis geradoras de renda para suprir nossas necessidades e contribuir com nosso município, estado e país”, diz a carta com o repúdio indígena.

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Invasões de garimpeiros

No final do documento, a organização Baniwa e a Federação do Rio Negro se solidarizam com todos os povos indígenas que estão sofrendo com invasões de garimpeiros.

“Esses invasores se sentem empoderados com o discurso e a postura do governo federal, a exemplo do que está acontecendo com o povo Ianomâmi, em Roraima, e Mundurucu no Pará”, afirmam as 33 lideranças indígenas que assinam o manifesto.

Foto: Reprodução