Garimpeiros em uma embarcação fizeram disparos de armas de fogo contra a equipe de policiais federais que estava na comunidade Palimiú, dentro da terra indígena Yanomami, em Roraima.
Os policiais estavam no local apurando outro ataque, ocorrido na manhã do dia 10, também por uma embarcação de garimpeiros, conforme denúncia realizada pelos ianomâmis.
Segundo informações da Polícia Federal, após a apuração, quando a equipe de policiais federais estava prestes a embarcar de volta a Boa Vista, uma embarcação de garimpeiros passou no rio Uraricoera efetuando os disparos.
A equipe se abrigou e respondeu à agressão, mas não houve registro de atingidos de nenhum dos lados.
De acordo com informações da Associação Yanomami Hutukara, o ataque de garimpeiros com armas de fogo contra a comunidade ocorrido ontem, deixou ao menos cinco pessoas ficaram feridas , sendo quatro garimpeiros e um indígena.
Ainda de acordo com a associação, os servidores do posto de saúde do território da comunidade Palimiú, local do ataque, foram removidos na segunda-feira.
O Ministério da Saúde confirmou que os profissionais da equipe multidisciplinar de saúde indígena no polo-base da comunidade Palimiú estavam sendo retirados do local e que a unidade de atendimento será reaberta tão logo seja possível atuar em segurança.
Sem morte
Após o retorno da equipe de policiais, a PF informou que não foram encontrados corpos de garimpeiros mortos no local.
Conforme a corporação apurou, um indígena foi atingido de raspão, sem gravidade.
A ida até a comunidade Palimiú, ontem, foi inviabilizada pelas condições climáticas, segundo a PF.
No entanto, na própria segunda-feira, um garimpeiro detido pelos indígenas foi levado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) para a Superintendência da Polícia Federal para ser ouvido. Em seguida, ele foi liberado.
Segundo a PF, o garimpeiro informou que estava subindo o rio Uraricoera com destino ao garimpo quando foi abordado por indígenas.
Em seguida, outra embarcação apareceu – com não indígenas a bordo – e começou a atirar.
Indígenas recolheram cápsulas de munição, dentre elas balas de calibres 20mm, 380mm e 9 mm, que teriam sido utilizados no conflito e entregaram para funcionários da Funai.
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Ataque contra indígenas
A associação Yanomami informou que sete barcos de garimpeiros portando armas de fogo teriam atracado no local por volta das 11h30 e atacado indígenas da comunidade, quando começou um conflito com tiroteio, que durou cerca de meia hora.
O documento é assinado por Dário Vitório Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara.
Em ofício enviado à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal (MPF), ao Exército e à Funai, a associação pediu que os órgãos atuem para “impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiú”.
Conforme a entidade, os garimpeiros deixaram o local, mas ameaçaram se vingar.
Funai
Um relatório assinado pela coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kuana da Funai, Elayne Rodrigues Maciel, produzido na segunda-feira, informa que os indígenas revidaram o ataque e que “não foi possível colher maiores informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques”.
Após o ataque, os indígenas se esconderam na mata, pois os garimpeiros disseram que voltariam para atacar novamente a comunidade, de acordo com relato que consta no relatório da Funai.
MPF e Cimi
O Ministério Público Federal (MPF), em Roraima, informou à Agência Brasil que está ciente sobre o conflito no território Yanomami e que está aguardando informações oficiais dos agentes de campo para adotar as medidas cabíveis, dentro dos procedimentos existentes sobre garimpo ilegal em terras indígenas.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestou indignação pelo ataque e exigiu o cumprimento por parte do Poder Executivo das obrigações constitucionais e das decisões proferidas pela Justiça.
Maior reserva
Maior reserva indígena do Brasil, a terra indígena Yanomami tem 9,6 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas, onde vivem mais de 27 mil indígenas espalhados em cerca de 331 comunidades.
Essa terra indígena foi homologada em 1992 e a atividade de garimpo nela é ilegal.
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Foto: PF/divulgação