O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou hoje a mostrar sua oposição às indústrias da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Desta vez, fez isso mesmo dizendo que tem respeito pelo atual modelo.
Foi em Brasília, num café da manhã com a Coalizão Indústria, organização que congrega 15 associações que representam 45% do PIB da indústria nacional.
No evento, ele defendeu várias vezes o fim do IPI, o Imposto de Produtos Industrializados (IPI), um dos componentes da carta de incentivos fiscais que o governo concede para manter a ZFM.
Nesse ponto, Paulo Guedes citou o modelo, disse que reconhece sua importância, mas fez uma ressalva: que, no futuro, a região busque uma nova configuração voltada à “vocação natural” da Amazônia.
Essa vocação, disse, tem que ter a possibilidade de uma nova indústria focada em ativos relacionados à biodiversidade e alta tecnologia.
“É preciso tornar a região um centro de referência para serviços verdes e indústrias de alta tecnologia”, disse o ministro.
Não é a primeira vez que ele expõe sua resistência às indústrias do Polo Industrial de Manaus, que já chamou de ruim e caro ao Brasil.
Em julho de 2019, mesmo estando em Manaus, Paulo Guedes sugeriu transformar Manaus em sede de negócios ambientais.
Com isso, disse que a capital amazonense viraria uma bolsa de valores de oxigênio e carbono .
Já em outubro do ano passado, o ministro de Bolsonaro falou de Manaus como a capital mundial da bioeconomia .
O mais recente golpe do ministério de Guedes às indústrias da ZFM foi na última reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS).
Nela, Carlos da Costa, auxiliar do ministro, retirou um projeto da LG que abriria 68 postos de trabalho no Amazonas.
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Repercussão
Presente na reunião, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), o amazonense Jorge Nascimento Júnior, reagiu.
Para ele, não se pode mexer na Zona Franca de Manaus sem garantir ao modelo um rumo seguro e de complementação.
“Sobre a opinião de que a região deve no futuro buscar sua vocação regional aproveitando os recursos da biodiversidade, entendemos o que se pretende. Porém, como já ocorreu em falas similares proferidas por outras personalidades, faltou a consideração que não se deve ter a substituição, mas sim a complementação do que se tem hoje, que é a matriz industrial da Zona Franca de Manaus. E que toda diversificação ou novos rumos para o desenvolvimento da região só ocorrerá as partir do fortalecimento do Polo Industrial de Manaus “, conclui Nascimento.
Foto: Washington Costa/Ascom/Ministério da Economia