Diário de uma quarentena | 47º dia, 6 de maio – De volta aos treinos

"Antes do rolo, porém, chegou o coronavírus, e a loja fechou. Vieram a quarentena e a convivência 24 horas com a minha esposa"

06/05/2020 20:08

De Neuton Corrêa*

Hoje é quarta-feira. São 18h32.

Tudo o que ficou pra trás parece pequeno diante dos números de hoje.

Mais de 1 mil casos do novo coronavírus (Covid-19) registrados nas últimas 24 horas. Para ser preciso: 1.134 novos registros.

Isso significa dizer que são 267 a mais do que foi contado ontem e que já era enorme (867).

Com isso, o Amazonas chega a 9.243 novos casos da doença.

O número de mortos anunciado também é enorme: 102 em 24 horas. São 37 óbitos a mais do que a contagem de ontem.

Agora, o Estado conta 751 vítimas fatais da doença.

Brasil avança no ranking mundial de óbitos

O Brasil, que já é o 9º país do mundo em casos da Covid-19, chegou hoje à sexta posição em número de mortos pelo vírus.

Em novo recorde de contagem de vítimas fatais em 24 horas, com 615 óbitos, o Brasil ultrapassou a Bélgica e agora conta 8.536 perdas para o vírus nesta pandemia.

Houve mais 10.503 novos casos confirmados e o número de infecções chega a 125.218.

Cabelo aparado

Não aguentei mais o cabelo grande e passei a tesoura.

Fiz isso aproveitando o serviço em domicílio que o barbeiro Cirineu passou a fazer com a pandemia.

Na verdade, aproveitei que Rhaygner chamou o serviço em casa.

Vi que o Cirineu estava devidamente protegido, com álcool em gel e máscara e me senti encorajado a cortar o meu também.

De volta aos treinos

Antes da pandemia, estava retomando minhas pedaladas e caminhadas.

Caminhar e pedalar, só, tenho certeza que não me causariam risco de contaminação.

Apesar disso, procurei evitar para não estimular esse tipo de comportamento em outras pessoas, muito menos contribuir para aglomerações.

Mas uma coisa me angustiava nas limitações dos meus exercícios. Sou avesso a pesos, anilhas, aparelhos, essas coisas de academia.

Gosto de atividades solitárias, longas e desafiadoras.

Caminhar só e pedalar são grandes prazeres que descobrir em 2013, após recomendação médica.

Era uma tentativa de adiar o uso de medicamentos para controlar minha hipertensão.

Acabei gostando. Tanto que fiquei animado com os primeiros resultados dos meus treinos e logo emplaquei um percurso de 120 quilômetros até Autazes; depois, um de 80 km de casa até o Açutuba e outro de 135 km até Manaquiri.

O conjunto dos treinos fizeram com que eu perdesse em três anos 15 quilos.

E este ano, estava voltando ao ritmo, porque o meu corpo já estava reclamando do tamanho das minhas roupas.

O retorno

Nesse retorno, já estava com atividades regulares e um desafio de 81 km até Manacapuru, no domingo de carnaval.

Em fevereiro, quando decidi tirar a bike da parede, havia também decido comprar um rolo de treino.

O problema é que não encontrei na praça. Mas encomendei do Erildo, da Office Bike. Ele me garantiu que o produto chegaria em 30 dias.

Antes do rolo, porém, chegou o coronavírus, e a loja fechou. Vieram a quarentena e a convivência 24 horas com a minha esposa.

Sim, meus amigos, não é fácil ficar perto da Darci. Ela não para de fazer comida. Quer acalmar a ansiedade dela me fazendo engordar.

Até já discuti com ela, explicando-lhe que estamos confinados por questão de saúde e não em engorda.

Mas esse é o prazer dela, cozinhar. Preciso entender isso também.

Ontem, porém, quando fui ao Cacau Pirêra, passei pela loja do Erildo.

Lá estava ele. Parei o carro e perguntei pela minha encomenda. Ele respondeu que a pandemia havia travado tudo, mas que havia acabado de saber que uma pessoa estava vendendo um aparelho desses.

Devo ter aberto um sorriso de orelha a orelha.

Fiz o contato imediatamente e comprei o acessório. Ontem mesmo treinei e hoje só estou esperando a publicação desse diário para matar a saudade da minha bicicleta.

*O autor é jornalista e diretor-presidente do BNC Amazonas

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