Menos de dez dias após vir a Manaus fazer turismo religioso na Marcha para Jesus , o presidente Jair Bolsonaro (PL) manda anunciar mais uma viagem ao Amazonas.
De acordo com o anúncio, a viagem está marcada para a segunda quinzena de junho.
No estado, seu governo não tem obra a ser inaugurada. Também não se sabe se ele fará anúncio de algum novo programa.
Até aqui, seus aliados informam apenas que ele participará de dois grandes eventos.
Nos bastidores, há informação de que seu principal compromisso será participar do aniversário do apóstolo Renê Terra Nova.
Estratégia
A pressa em voltar ao estado, porém, pode estar relacionada à queda de Bolsonaro nas pesquisas.
Os números mostram que ele cai em Manaus e já é alcançado por seu principal adversário, o ex-presidente Lula.
Essa mudança de cenário mostra um abalo em sua principal fortaleza eleitoral, a cidade de Manaus, onde ganhou as eleições em 2018, com ampla folga sobre o candidato do PT, 65,72% a 34,28%.
Agora, porém, as recentes pesquisas publicadas mostram que o PT já recuperou território, com Lula.
A última pesquisa eleitoral da empresa Perspectiva , por exemplo, mostra Lula na frente no Amazonas.
Ao vir duas vezes a Manaus, em menos de um mês, e focando no público evangélico, Bolsonaro sinaliza que pode ter perdido significativa parcela desse eleitorado. Assim, agora, tenta recuperá-lo.
Nada a oferecer
Mas o definhamento de Bolsonaro no Amazonas pode ter relação com o tratamento que seu governo tem dado ao estado.
Em todo o seu governo, o presidente só entregou uma ponte de madeira, uma pinguela, em São Gabriel da Cachoeira (AM).
A inauguração dessa obra, porém, custou mais do que seu projeto e execução.
Além disso, sua gestão só trabalhou na desconstrução da imagem da Zona Franca de Manaus (ZFM). Por exemplo, seu ministro da Economia faz forte oposição ao modelo. Acontece que a ZFM sustenta mais de 80% da economia regional.
Nesse período, foram sistemáticos os ataques ao modelo, sem apresentar uma alternativa de desenvolvimento regional.
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Turismo
Bolsonaro já veio ao Amazonas sete vezes. Dessa forma, suas viagens se tornaram turismo, com despesa paga com dinheiro público.
Para melhorar sua perfomance, Bolsonaro precisará mais do que passear. Precisará, sobretudo, trabalhar, o que não fez no resto do país, muito menos aqui no Amazonas.
Arte: Gilmal