Além da maratona da pré-campanha, da costura de alianças e da busca que precisa fazer por partidos do centro e da direita para tentar vencer Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se esforçado para equacionar os ciúmes gerados por sua proximidade e proteção a Guilherme Boulos , do Psol.
Petistas que serão candidatos a deputado federal em São Paulo não escondem que Boulos tira votos na capital, principalmente nas áreas mais periféricas da cidade, onde o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) tem grande adesão.
“É claro que Boulos tira voto dos candidatos do PT”, admitiu o deputado Carlos Zarattini , em conversa com jornalistas, após uma reunião com Lula nesta semana.
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Na quinta-feira (05), Lula chegou a se conter para não elogiar muito o psolista em um evento na Vila Soma, em Sumaré, município próximo a Campinas.
O evento foi puxado por Boulos em um condomínio de moradias populares na periferia da cidade, e contou com a presença do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), candidato de Lula ao governo de São Paulo.
O petista se autocensurou, mas não escondeu: “Eu já falei do Guilherme Boulos, e, se eu eu falar outra vez, vão dizer que eu estou puxando muito o saco dele. Não vou falar mais do Boulos”, brincou Lula, em cima do palanque.
A preocupação não é só de Zarattini. Os petistas, no entanto, mesmo sabendo da desvantagem, se colocam na posição de defesa da prioridade decidida pelo partido para a candidatura de Lula.
Lista de candidatos
No evento, Haddad discursou, e, dos candidatos à Câmara, só Boulos assumiu o microfone. Ficaram de fora nomes importantes de candidatos à Câmara, como Zarattini e Alexandre Padilha, entre outros que acompanhavam a visita de Lula.
Ao discursar, porém, Lula tratou de citar os nomes de candidatos a deputados federais petistas e apontar seus feitos para tentar equilibrar a exposição.
“Eu quero cumprimentar nesse momento o companheiro Zaratini, que, segundo o prefeito, é o deputado que mais faz emenda parlamentar para colocar dinheiro na cidade de Sumaré”, disse o ex-presidente.
“Quero colocar aqui o nome de uma companheiro que foi ministro meu, extraordinário ministro de relação política e da Saúde, foi o cara que trouxe 12 mil médicos para trabalhar no mais médicos, o companheiro Padilha, que é hoje deputado federal”. Lula citou ainda Jilmar Tatto, coordenador de comunicação do PT, entre outros políticos que serão candidatos a deputado federal.
Protagonista
Lula explicou que foi Boulos que o levou à Vila Soma, justificando o protagonismo do psolista no evento.
“Eu não sei se vocês estão lembrados, mas a primeira vez que vim aqui vim a convite do companheiro Guilherme Boulos, que lá em São Paulo me procurou para dizer: ‘Lula, tem uma ocupação de terra em Sumaré, o povo está sofrendo muito, o povo está sendo atacado, e eu queria que você fosse lá comigo para prestar solidariedade. E eu vim aqui um noite para conversar com vocês”, disse o petista.
Aliança
O Psol, que formará uma federação com a Rede, se coligará com o PT na defesa da candidatura de Lula ao governo federal e de Haddad ao governo de São Paulo. Tanto Lula quanto Haddad vêm se colocando na periferia contando com a ajuda de Boulos.
No fim de março, Boulos decidiu retirar sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em favor de Haddad, e se lançar na disputa para a Câmara dos Deputados. A decisão foi comemorada pelo PT pelo reforço que significou à candidatura de Haddad.
Demarcação
Em retribuição, Lula participou um evento em Santo André e, na ocasião, prometeu que Boulos (Psol) terá o apoio do PT para uma eventual candidatura a prefeito de São Paulo, em 2024 .
O anúncio, no entanto, desagradou ainda mais petistas paulistas. Na época, em entrevista ao Globo, Tatto chegou a falar sobre a situação considerada embaraçosa. “Só tem sentido o Boulos ser candidato a prefeito se ele se filiar ao PT e virar presidente do diretório da capital”, disse Tatto, ao jornal.
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Foto: divulgação