Por Neuton Corrêa , da redação
A pesquisa publicada nesta sexta-feira, dia 21, pela empresa DMP/Rede Tiradentes de rádio e TV, mostra que, pela primeira vez em 36 anos, a escola política criada pelo já falecido governador Gilberto Mestrinho, histórico nome do MDB, poderá sofrer uma derrota ao Governo do Estado.
O iminente declínio do grupo criado pelo professor, hoje extrema e fatalmente rachado, poderá se dar por uma via improvável há poucos meses: o radialista Wilson Lima (PSC), de um partido nanico, sem aliados tradicionais nem tempo de TV.
De 1982 até a última eleição estadual, a tampão do ano passado, os egressos dessa escola sempre venceram a disputa.
O primeiro ciclo, de 20 anos, foi de revezamento entre Mestrinho e Amazonino Mendes (PDT), que ficaram no poder até 2002. O atual governador está no seu quarto mandato no Executivo e disputa com chances de vitória as eleições deste ano.
Esse primeiro ciclo começou com a retomada do governo por Mestrinho em 1982, quando derrotou o radialista Josué Filho, no início da redemocratização do país, após o golpe militar de 1964.
Amazonino, o primeiro herdeiro
Quatro anos depois, em 1986, ele passou o governo para Amazonino, que em 1983 havia sido nomeado prefeito de Manaus por Mestrinho. Era o início da carreira política daquele que viria a suceder o velho cacique da política amazonense.
Amazonino guardou o posto de chefe do Executivo estadual para Mestrinho até 1º de janeiro de 1991.
Nesse ano, Mestrinho volta ao poder e o devolve para Amazonino em 1995, quando inicia o período da reeleição e seu sucessor consegue ficar na chefia do Governo do Amazonas por oito anos.
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No fim desse prazo, Amazonino passou o estado para Eduardo Braga (MDB), em um realinhamento dos dois em 2002, após terem se confrontado em duas eleições anteriores: em 1998, na disputa pelo governo, e em 2000, quando Braga perdeu a Prefeitura de Manaus para Alfredo Nascimento (PR).
Braga, por sua vez, a contragosto, passou o governo para outro membro da escola Mestrinho, o hoje senador e candidato a governador Omar Aziz (PSD).
Este, na sequência, fez José Melo (Pros) seu vice-governador no mandato de 2011 a 2014, quando o ajudou a se eleger governador. Melo apareceu na política pelas mãos de Amazonino, que o fez secretário de Educação e deputado federal, além de outros cargos importantes no governo. Pelas mãos de Braga, Melo foi deputado estadual e secretário de estado, e indicado para vice de Omar.
A decisão que pode ter sido fatal
Por fim, Amazonino, o mais virtuoso aluno de Mestrinho, voltou à cadeira de governador no ano passado. Sua missão seria “arrumar a casa” e fazer um sucessor nestas eleições, mas ele preferiu ficar na cadeira.
Nesse caso, a intenção de votos identificada para Wilson Lima, líder das pesquisas hoje, pode estar refletindo a rejeição a essa hegemonia política que caminha para completar 40 anos.
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Ilustração: Alex Fidélix/BNC Amazonas