Mulheres eleitoras são maioria em três de cada cinco municípios do país
Do total do eleitorado apto para estas eleições, 52,5% são mulheres e 47,5%, homens

Mariane Veiga
Publicado em: 27/09/2020 às 13:30 | Atualizado em: 27/09/2020 às 14:07
As mulheres são a maioria dos eleitores em 3.386 dos 5.568 municípios (61%) onde haverá eleições neste ano. Esse número já é superior ao registrado no pleito anterior, de 2016. Naquele ano, elas já eram mais da metade dos eleitores em 2.963 municípios.
Os dados foram levantamentos pelo G1 no repositório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No total, 147,9 milhões de eleitores estão aptos a participar destas eleições. Dessa forma, 52,5% são mulheres e 47,5%, homens. Em 2016, as mulheres eram 52,2% e os homens, 47,8%.
Entre os municípios com a maior proporção de mulheres eleitoras estão Salvador (BA), Olinda (PE) e Queimados (RJ), todos com 56%.
Já os estados com o percentual mais alto de mulheres são Pernambuco e Rio de Janeiro, ambos com 54%.
No entanto, os municípios com mais eleitores homens são Marajá do Sena (MA), Serra Nova Dourada (MT), Novo Santo Antônio (MT) e Santa Cruz do Xingu (MT), todos com 56%.
Nenhum estado registra mais eleitores homens do que mulheres. O Pará é o único estado que apresenta a mesma proporção de eleitores homens e mulheres.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira é formada por 51% de mulheres e 49% de homens.
Segundo a demógrafa Izabel Marri, a pequena diferença entre os dados se deve ao fato de o eleitorado ser formado principalmente por pessoas na idade adulta. Já o número maior de mulheres se deve a fatores sociais e biológicos.
“Ao longo da vida morrem mais homens por fatores biológicos e há maior mortalidade de homens do que mulheres principalmente por causas externas, como homicídio e acidentes. Quando a gente observa a pirâmide etária brasileira, quanto mais a gente avança [na idade] maior o grupo de mulheres do que de homens”, diz.
Mulher na política
A cientista política Teresa Sacchet, professora do programa de pós-graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (UFBA), lembra que as mulheres já garantiram a reserva de, no mínimo, 30% das vagas para eleições proporcionais, mas diz que isso ainda não refletiu completamente em mulheres eleitas.
O número de mulheres eleitas até aumentou nas eleições de 2018 em comparação com os anos anteriores, mas a participação feminina no Brasil ainda é baixa.
Segundo ela, algumas mudanças na legislação, como a cota de vagas para mulheres e a mesma regra para o repasse do Fundo Eleitoral, contribuíram para isso.
Ela lembra ainda que nestas eleições surgiram também mais cursos voltados para a capacitação de mulheres candidatas, como o “(Re)Presente! Mais Mulheres na Política”, que ela coordena.
Para a cientista política, os partidos precisam encarar a representação de mulheres e negros na política como uma questão importante.
A pesquisadora associada do LabGen-UFF Débora Thomé, doutora em ciência política e coautora do livro “Mulheres e Poder: Histórias, Ideias e Indicadores”, reitera que o financiamento da candidatura é um dos principais fatores relacionados à taxa de sucesso de um candidato.
Ela lembra ainda que, apesar de a lei obrigar o destino de 30% do dinheiro público para campanha de mulheres, a distribuição ainda é “superconcentrada”.
Para ela, a vitória de um candidato também é mais provável se ele estiver disputando uma reeleição e se tiver boas relações com o partido. Além disso, afirma Débora, as mulheres ainda precisam desenvolver relações dentro de partidos dominados por homens.
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Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil