Amazonas: garimpeiros de cassiterita em terra indígena são denunciados

A denúncia do Ministério Público Federal fez a Justiça transformar em réus criminosos ambientais no rio Madeira

Batalhão Ambiental apreende 60 toneladas de cassiterita no porto

Da Redação do BNC Amazonas em Brasília

Escrito por Mariane Veiga

Publicado em: 10/02/2025 às 22:02 | Atualizado em: 10/02/2025 às 22:04

A Justiça no Amazonas acolheu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus dois garimpeiros acusados de exploração de cassiterita no interior do estado. A ação ilegal ocorria na terra indígena Tenharim do Igarapé Preto, localizada no município de Novo Aripuanã, no rio Madeira.

A denúncia já foi recebida pela 2ª Vara Federal Criminal da seção judiciária do Amazonas, especializada no julgamento de crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e organizações criminosas.

Segundo a denúncia, os réus extraíram o minério sem autorização legal causando um prejuízo ambiental estimado em R$ 38 milhões. Além da degradação do solo, as atividades ilegais contaminaram a área.

Pelos danos, o MPF pediu a condenação dos denunciados pelos crimes previstos no artigo 2º da Lei nº 8.176/91 e no artigo 55º da Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

O MPF também requereu a reparação pelos danos coletivos no valor de R$ 10 mil para cada acusado, a ser destinado ao Fundo de Reparação dos Direitos Difusos.

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Provas

A atividade ilegal foi descoberta na operação Warã 2, que começou em 22 de maio de 2018, quando a polícia encontrou caminhões dos acusados e vários garimpos em funcionamento.

Além disso, imagens e vídeos coletados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmaram as presenças dos denunciados na região.

O MPF reforça que a exploração ilegal de recursos naturais em terras indígenas não apenas compromete o meio ambiente, mas também afeta diretamente a qualidade de vida das populações tradicionais e ribeirinhas da região.

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Exploração

De acordo com Ministério Público Federal, o rio Madeira é um dos cursos d’água mais prejudicados pelo garimpo ilegal na Amazônia e, sobretudo, nos estados do Amazonas e de Rondônia.

“Há diversas comunidades indígenas na região e são frequentes as notícias que chegam sobre a presença de garimpeiros no interior das terras indígenas”, informa o MPF.

Conforme o artigo 49, inciso XVI, da Constituição, a exploração mineral em terras indígenas é terminantemente proibida desde 1988 e só poderá ocorrer mediante autorização do Congresso Nacional.

*Com informações do MPF

Foto: divulgação/Secom