As investigações da operação Cobiça apontam que o coronel Pedro Paulo de Oliveira e o tenente coronel Jorge Neves Campos comandavam a segurança e o transporte de ouro ilegal.
Como resultado, a operação resultou na prisão dos dois oficiais da Polícia Militar e de empresários suspeitos de um esquema de garimpo ilegal de ouro em terras indígenas no Pará, na quinta-feira (28).
Segundo o g1, foram presos os dois oficiais da PM e os empresários Márcio Macedo Sobrinho e Domingos Dadalto Zoboli, da empresa Gana Gold.
Além disso, também foram cumpridos 21 mandados de busca, apreensão de ao menos 8 carros de luxo e joias, e foi determinado pela justiça o afastamento dos policiais militares envolvidos no esquema.
Assim, o Coronel Pedro Paulo de Oliveira é o comandante do Comando de Policiamento Regional X (CPR X) e o Tenente Coronel Jorge Neves Campos comanda o 15º Batalhão de Polícia Militar de Itaituba.
Conforme a reportagem, o município fica localizado na região do Baixo Tapajós, onde a extração ilegal do ouro põe sob ameaça o povo Munduruku. A localidade vive sob constante pressão do garimpo ilegal que explora minério nas terras indígenas.
Leia mais
Polícia Militar
Por meio de nota, a Polícia Militar do Pará informou que afastou todos os agentes envolvidos no caso e exonerou os militares que exerciam função de comando.
Disse ainda que não aceita desvios de conduta na corporação e que a corregedoria acompanha as investigações da polícia federal.
Além da atuação dos policiais no esquema do garimpo ilegal, o relatório da PF, aponta que, uma viatura da Polícia Militar pode ter sido usada para ajudar a organização criminosa na segurança da extração de ouro na região da Rodovia Transgarimpeira.
No caso do Coronel Pedro Paulo, o acúmulo de bens de alto valor em curto espaço de tempo chamou atenção da PF.
Conforme a investigação, a evolução patrimonial do militar é incompatível com seus ganhos, indicando que ele era “remunerado” em paralelo pela empresa Gana Gold.
O oficial receberia mensalmente R$ 4 mil da Gana Gold Mineração Ltda, conforme consta em planilha encontrada na sede da empresa. No nome dele, há um veículo registrado no valor de R$ 213.374,00.
Leia mais
Investigação
A investigação também identificou a evolução patrimonial da esposa do coronel Pedro Paulo, que possui patrimônio totalmente incompatível com seu salário de enfermeira.
Alessandra Prado teve, nos anos de 2018 a 2021, remuneração média de R$ 6.147,85, mas adquiriu nesse período vários bens, entre eles, um automóvel de valor superior a R$ 312 mil e uma fazenda de grande porte no município de Itaituba (Fazenda Paraná-Miry).
Também consta na investigação, que Pedro Paulo estava incluído na folha de pagamentos da organização criminosa liderada por Domingos Dadalto Zoboli e Márcio Macedo.
Um dos empresários presos já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação com o tráfico.
A empresa e seus sócios são investigados por extração ilegal de ouro, lavagem de dinheiro e pagamento generalizado de propina a policiais militares lotados no Comando de Policiamento Regional X.
Os empresários também foram alvo da operação Cobiça, que cumpriu mandados em Santarém, Altamira, Rio de janeiro e Goiânia.
A influência que Dadalto exercia sobre os policiais é destacada em um trecho do relatório da PF.
” (…) as investigações conseguiram extrair áudio encaminhado pelo também investigado Pedro Paulo, em que este confirma o apoio de segurança para a empresa Gana Gold, dando a aparência de que todos os ‘passos’ a serem seguidos pela Polícia Militar no município de Itaituba precisassem ser antes comunicados e autorizados por Dadalto, tudo levando a confirmar a total cooptação dos homens de segurança do Estado pela Gana Golg, deixando a população a mercê de todo o tipo de atividade ilícita”.
As suspeitas sobre o tenente coronel Jorge Campos começaram após ele se envolver em um acidente de helicóptero em setembro de 2020.
O helicóptero pertence a Gilson Spier, investigado em inquéritos policiais. O fato do policial de alta patente estar em uma aeronave particular de pessoa investigada pela polícia levantou a suspeita de que ele presta serviços particulares para mineradoras.
A PF também identificou repasses de valores por empresas de comércio de veículos para contas do tenente coronel, e bens de alto valor em seu patrimônio como: caminhonetes e motocicletas.
“A conclusão a que se chega é que, seja por ter relacionamento com pessoas suspeitas em envolvimento em uma série de crimes praticados na região, seja por existir áudio, onde um dos supostos líderes da ORCRIM literalmente/expressamente informa à sua esposa o pagamento de propina, entendo haver fortes indícios da participação de Jorge Campos como beneficiado pelo pagamento de propina envolvendo as investigações”, diz outro trecho do relatório da PF.
Em relação aos outros policiais alvos de busca e apreensão na Operação Cobiça: major Jarlisson Rebelo Gonçalves, capitão Roberto Scalabrin, sargentos Mendes, Vinícius, Jackson e Carneiro, e do cabo Sales.
Todos em Itaituba, as investigações apontam que eles receberam valores repassados ora por empresas, ora por seus superiores.
Em suma, do mesmo modo havia movimentação suspeita de valores deles para cotas de seus superiores.
Leia mais no g1 .
Foto: Polícia Federal/divulgação