Bancada evangélica e centrão prometem derrubar veto sobre dívida das igrejas

O presidente do grupo evangélico, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), diz que a decisão de Bolsonaro pegou todo mundo de surpresa

Bancada evangélica e Centrão querem derrubar veto da dívida das igrejas

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 14/09/2020 às 20:30 | Atualizado em: 14/09/2020 às 20:33

O presidente Jair Bolsonaro sugeriu nesta segunda-feira (14) que seu próprio veto, que previa perdão de dívidas das igrejas, em torno de R$ 1 bilhão, seja derrubado pelo Congresso Nacional.

O veto parcial, dado no PL 1.581/20, foi recomendado pela equipe econômica e pela Receita Federal.

Mas, nem seria necessário o incentivo do presidente da República porque os partidos do centrão já traçam estratégias para derrubar o veto.

 

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Os líderes dizem que a Constituição assegura imunidade tributária às igrejas (artigo 150, inciso VI, alínea b) não somente com relação aos impostos, mas também a contribuições.

Um desses grupos que reagiu ao veto de Bolsonaro foi a bancada evangélica, composta por quase 200 parlamentares na Câmara e no Senado.

“A bancada evangélica reagiu com surpresa, a final de contas, todos os grandes juristas tributários do Brasil entendem que a matéria legislativa, que estava para a sanção, era constitucional e legítima”, disse o presidente da bancada evangélica, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

O parlamentar explica que o valor de R$ 1 bilhão não se trata de dívida nenhuma das igrejas e o que trabalho do grupo parlamentar será para

corrigir a injustiça de multas aplicadas, de forma inconstitucional, contra as instituições religiosas do país.

“A nossa defesa é a Constituição não é nem pelas igrejas, já que quem disse que a imunidade tributária existe é a Constituição Federal e não as igrejas”, reitera Silas.

 

Decisão pela derrubada

 

O presidente da bancada disse que os evangélicos, no Congresso, vão se mobilizar para derrubar o veto.

“Estamos primeiramente fazendo estudos para entender o porquê e o impacto do veto. Amanhã (terça-feira, 15), às 17h, vamos decidir a posição unificada, mas já posso adiantar que o sentimento geral da bancada é trabalhar para derrubar o veto e manter o texto aprovado”, declarou Silas Câmara.

 

Receita comete arbitrariedades

 

O vice-líder do PL, deputado Marcelo Ramos (AM), autor do projeto de lei 1.581/20 dos precatórios – onde foi incluída e aprovada a emenda com o perdão da dívida das igrejas – é favorável à derrubada do veto. Marcelo, que não é ligado a nenhuma igreja, diz que o dispositivo vetado é constitucional.

“Defendo a derrubada do veto porque combato todas as arbitrariedades da Receita Federal que se julga um órgão acima da Constituição, acima do Congresso e do Supremo Tribunal Federal”, justificou o voto pela derrubada, Marcelo Ramos.

 

Decisão contra a Zona Franca de Manaus

 

O deputado do Amazonas lembra que essa não seria a primeira ocorrência [de arbitrariedade da Receita Federal].

 

“O STF julgou que o polo de concentrados de refrigerante na Zona Franca de Manaus (ZFM) gera crédito presumido e a Receita continua autuando porque entende assim”, disse o parlamentar.

Ainda segundo Marcelo Ramos, a Câmara dos Deputados aprovou o fim do voto de qualidade no Conselho de Contribuintes e a Receita Federal publicou um a portaria dizendo para que se aplica e para que não se aplica o voto de qualidade.

“Hoje, a ação é contra as igrejas. Como o pessoal é contra as igrejas, todo mundo concorda porque a arbitrariedade é na porta do vizinho. Eu prefiro reagir antes que ela bata na minha porta”, reiterou Marcelo Ramos.

 

Foto: Divulgação