O drama dos moradores da região da BR-319, isolados há dois anos após o desabamento de duas pontes, tem se agravado com a falta de soluções definitivas. Desde o desabamento das pontes sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim em 2022, a travessia tem sido feita por sobre as balsas, o que tem gerado uma série de transtornos para comunidades de Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Autazes e Manaquiri.
Agricultores como Marinês Pinheiro, que vive às margens do rio Autaz-Mirim, relatam que a balsa improvisada está “estrangulando” o rio e agravando a seca.
“A balsa empata a água. Para a gente que mora desse lado é muito dificultoso porque a gente precisa vir de barco para a cidade toda semana, mas está muito seco”, desabafou Marinês. Ela também expressou preocupação com a saúde de sua família, temendo não conseguir socorro em casos de emergência.
Além disso, o transporte escolar foi afetado, com alunos enfrentando dificuldades para chegar à escola. “Eu tenho um filho que estuda aqui, mas daqui a pouco ele não vai vir mais, porque está muito seco”, lamentou Marinês.
Para Valdemir Vieira de Menezes, outro agricultor da região, o problema se intensifica na cheia, quando a balsa impede a passagem de barcos maiores. “Nós ficamos ilhados. Às vezes, demora duas horas para passar”, relatou.
Defensoria Pública cobra soluções
Durante visita às áreas afetadas neste sábado (28/9), a defensora pública Rachel Marinho destacou a necessidade de uma solução rápida para o problema.
Acompanhada pela comitiva do movimento Soluciona BR-319, liderado pelo deputado estadual Dan Câmara (PSC), ela afirmou que a Defensoria está monitorando as ações do poder público e cobrando uma solução para a reconstrução das pontes.
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“A Defensoria está aqui para verificar quais são as soluções que os poderes estão adotando e para cuidar que os direitos dos assistidos não sejam afetados. É importante que haja uma memória com relação a essas vítimas”, afirmou a defensora.
O deputado Dan Câmara, por sua vez, ressaltou que o movimento foi criado a pedido dos comunitários, diante da demora do poder público em resolver a situação.
“A falta de agilidade para restabelecer as pontes tem gerado transtornos na vida do povo, afetando a qualidade de vida, educação e saúde”, declarou.
Dois anos de espera
As pontes sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim desabaram em setembro de 2022, resultando em cinco mortes.
Desde então, as obras para a construção de novas pontes estão em andamento, mas sem previsão de entrega. Enquanto isso, as balsas continuam sendo a única opção de travessia, prolongando o sofrimento dos moradores locais.
Fotos: Márcio Silva/DPE-AM