Estudo da Fiocruz mostra municípios do AM em piores colocações 

De acordo com a pesquisa da Fiocruz, foi possível elaborar uma espécie de ranking de qualidade de vida das cidades do país

Estudo da Fiocruz mostra municípios do AM em piores colocações

Mariane Veiga

Publicado em: 08/12/2020 às 08:45 | Atualizado em: 08/12/2020 às 08:46

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estuda um novo indicador de desigualdade no Brasil, o Índice Brasileiro de Privação (IBP), que será lançado pelo instituto na semana que vem.

De acordo com a pesquisa, foi possível elaborar uma espécie de ranking de qualidade de vida das cidades do país.

A partir da análise, o Amazonas aparece entre as dez piores colocações. Dessa forma, Ipixuna, Itamarati e Atalaia do Norte são os três municípios destacados no estudo.

O IBP funciona como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, mas focado em analisar a desigualdade em pequenas áreas.

“Isso é importante porque existe uma lacuna no Brasil de uma medida que olhe com mais cuidado a esses locais”, disse Maria Ichihara, da Fiocruz.

Segundo a pesquisadora, o próprio IDH mede a desigualdade no Brasil a nível municipal, mas não chega no setor censitário, pegando bairros e pequenas regiões.

Conforme Ichihara, o país não tem um indicador que focalize a análise da desigualdade em pequenas áreas.

 

Elaboração

Com dados do último Censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fiocruz agregou três áreas para a elaboração do ranking: educação, renda e condições de moradia da população, como saneamento. E, entre as 1.000 melhores cidades brasileiras em IBP, apenas 4 são do eixo Norte-Nordeste.

A cidade de São Vendelino, no Rio Grande do Sul, foi eleita a primeira colocada. Do mesmo modo, o top-10 tem mais sete cidades da região Sul.

As outras duas cidades entre as dez primeiras colocadas são de São Paulo: São Caetano do Sul (3ª) e Águas de São Pedro (5ª).

No entanto, a região Nordeste só tem uma cidade na lista na 641ª colocação do ranking: a ilha paradisíaca de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

O Norte, por sua vez, só tem um representante entre os mil primeiros lugares. É a capital do Tocantins, Palmas, no 755º posto.

Já o Centro-Oeste tem como melhor cidade Goiânia, capital de Goiás, na 274ª colocação. Brasília, capital federal, está logo atrás, em 283º.

Entre as capitais estaduais, a melhor colocada é Curitiba, em 20º. Logo depois vem Florianópolis, em 34º. Porto Alegre está em 63º lugar.

São Paulo é a número 225 do ranking. O município do Rio de Janeiro aparece melhor, em 205º. Dessa forma, o estado carioca tem como seu melhor representante a cidade de Niterói ( 85º lugar).

Por outro lado, entre as dez piores colocações estão dez municípios do Norte-Norteste, sendo três no Maranhão (Belágua, Marajá do Sena e Fernando Falcão), três no Amazonas (Ipixuna, Itamarati e Atalaia do Norte), um no Pará (Melgaço), um no Piauí (Massapê do Piauí), um na Bahia (Pedro Alexandre) e um em Alagoas (Traipu).

 

Financiamento

Para realizar o estudo, os pesquisadores contaram com apoio e financiamento da Universidade de Glasgow, que tem tradição em medir desigualdades sociais.

Assim, a Fiocruz define o índice como a primeira medida de privação capaz de classificar os diferentes territórios brasileiros em nível de setores censitários.

O IBP foi calculado tendo por base indicadores de privação nos domínios de renda, escolaridade e condições de domicílio.

O instituto destaca ainda que o índice permite mensurar as desigualdades sociais no Brasil e auxiliar autoridades, pesquisadores e cidadãos na avaliação de políticas públicas.

Segundo a Fiocruz, o IBP consegue capturar a privação de toda população, tem ampla cobertura e permite correlação com outros indicadores socioeconômicos.

O painel vai estar disponível para acesso no website Cidacs/Fiocruz Bahia a partir do próximo dia 10 de dezembro.

Leia mais na Folha de S.Paulo.

 

 

Foto: Reprodução/Facebook