Duas etnias do alto Solimões casam 806 indígenas em evento coletivo

As celebrações vão respeitar as tradições culturais dos índios, que terão o casamento civil gratuito

Etnias Alto Solimões

Mariane Veiga

Publicado em: 27/01/2020 às 13:16 | Atualizado em: 27/01/2020 às 13:16

Duas etnias, 35 comunidades e 806 casais. Esses são alguns dos números do casamento coletivo indígena que vai acontecer entre os dias 11 e 14 de fevereiro no município amazonense de Benjamin Constant, a 1.118 quilômetros de Manaus, na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru.

As celebrações são organizadas pela Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), corregedoria-geral do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Prefeitura de Benjamin Constant e o Governo do Estado.

Os casais foram divididos para três cerimônias, que vão acontecer ao longo dos quatro dias, nas comunidades Feijoal, Filadélfia e Guanabara 3. As celebrações vão respeitar as tradições culturais dos índios, que terão o casamento civil gratuito.

 

Leia mais

Povos indígenas isolados da Amazônia são ameaçados pela exploração mineral

 

O casamento coletivo também conta com o apoio do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil, do Batalhão de Polícia Militar de Tabatinga e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Solimões (DSEI-ARS). As instituições estão dando suporte logístico e de estrutura para a realização das cerimônias, que vão ocorrer em locais de difícil acesso.

Inicialmente, quando Defensoria e Funai firmaram o convênio de cooperação técnica, em 2019, a estimativa era de que o casamento coletivo atendesse cerca de 300 casais. Após a coleta de documentos nas comunidades, no entanto, o número de matrimônios foi quase triplicado.

Segundo o defensor público geral do Amazonas, Rafael Barbosa, com a iniciativa, as instituições envolvidas buscam resguardar os direitos da população indígena. “Quando fomos procurados pela Funai, de modo a auxiliá-los no casamento coletivo, não medimos esforços em contribuir e viabilizar esse casamento, com todos os direitos que a legislação garante aos indígenas e à população vulnerável”, afirma Rafael Barbosa.

“Todos os órgãos envolvidos têm uma preocupação especial com a população indígena. Até porque nós conhecemos a história de exploração do índio não só no nosso estado, mas em todo o Brasil”, completa.

A série de casamentos será encerrada com uma cerimônia no Dia Internacional do Amor, o famoso Valentine’s Day (Dia de São Valentim), que é celebrado internacionalmente em 14 de fevereiro. A celebração será a maior entre as seis programadas e deve reunir 243 casais.

 

Leia mais

Alto Solimões recebe R$ 600 mil em recursos para agricultura

 

 

Foto: Divulgação/Secom