Indígenas enfrentam guerra por sobrevivência no governo Bolsonaro

Desamparadas, comunidades indígenas vivem uma rotina de massacre e intimidações na região do agronegócio

Extrair potássio no AM não passa de promessa de campanha de Bolsonaro  

Publicado em: 16/08/2022 às 09:56 | Atualizado em: 16/08/2022 às 20:56

Quase quatro anos depois do início do governo Jair Bolsonaro (PL), os indígenas vivem o que eles mesmo chamam de “guerra”.

A guerra pela terra e pela sobrevivência diante de um extermínio que mata por suicídio antes dos 20, de emboscada antes dos 30, da falta de terra antes dos 40 ou de veneno dos agrotóxicos um pouco por dia.

A reportagem do UOL percorreu centenas de quilômetros no final de julho entre as diferentes terras indígenas e reservas em Mato Grosso do Sul, uma das áreas mais perigosas do país e, ironicamente, um dos celeiros de exportação do agronegócio.

A região é, em grande parte, terra guarani-kaiowá. Há cerca de 150 anos, os indígenas ocupavam uma área próxima a 40 mil quilômetros quadrados, ignorando a fronteira entre Brasil e Paraguai. Colocados em oito reservas de no máximo 36 quilômetros quadrados criadas entre 1915 e 1928, eles foram vítimas de um deslocamento forçado que transformou sua história.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do Brasil, com cerca de 85 mil pessoas. A distribuição de terras, porém, está entre as mais desiguais do país: segundo dados do Cadastro Ambiental Rural, as grandes fazendas (com 1000 hectares ou mais) ocupam 83% da área do estado. Já as 48 terras indígenas delimitadas somam juntas 2,5%, de acordo com os números da Funai (Fundação Nacional do Índio).

A Funai, aliás, com seus pés amputados por restrições orçamentárias e as cabeças cortadas diante do desembarque de militares e policiais no governo Bolsonaro, desapareceu de suas funções de mediadora de conflitos e de assistência aos indígenas.

Desamparadas, as comunidades vivem uma rotina de massacres e intimidações. E não escondem: se Bolsonaro ganhar mais quatro anos no poder, o cenário será de desespero.

Se ao longo do período de democratização houve uma tentativa incipiente de se garantir alguns dos direitos dessas comunidades, o bolsonarismo desembarcou para frear esse processo.

Leia mais na coluna de Jamil Chade no UOL

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Foto: Alan Santos/PR