Somente a cidade de Manaus foi beneficiada com recursos do Ministério da Saúde para implantação de duas unidades de terapia intensiva (UTI).
Além da capital amazonense, nenhum outro município do estado recebeu dinheiro do MS para esse fim. Ou seja, nenhum dos demais 61 municípios do interior possui UTI.
De acordo com a Portaria 558/2021, foram destinados R$ 2,16 milhões a habilitações de leitos de UTI adulta e pediátrica, exclusivos para covid-19.
Ao Pronto-Socorro 28 de Agosto, R$ 1,92 milhão e outros R$ 240 mil para implantação de uma unidade na Maternidade Ana Braga.
O total de recursos liberados pelas portarias 557, 558 e 559 foi de R$ 113,6 milhões.
UTI no interior do AM
Questionamento feito pelo BNC a membros da bancada amazonense, sobre o “esquecimento” do Ministério da Saúde para com o interior do Amazonas, que não possui UTI, obteve a seguinte resposta.
“O que foi liberado pelo governo é somente para municípios que já tem UTI implantada. Portanto, a verba do ministério é para custear o funcionamento das unidades de terapia intensiva. Como somente Manaus possui UTI, por isso recebeu o recurso, mas estamos aguardando a implantação desses equipamentos também no interior”, disse o deputado Átila Lins (PP-AM).
Foi decano da bancada amazonense que, no início deste mês, anunciou que o Ministério da Saúde deverá implantar unidades de terapia intensiva (UTI) em oito municípios do Amazonas.
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Deverão receber as unidades os municípios-polos de Coari, Humaitá, Itacoatiara, Lábrea, Manacapuru, Parintins, Tabatinga e Tefé. A garantia foi dada pelo então ministro Eduardo Pazuello.
Vagas para o Norte
Do total de recursos liberados, apenas 4,22% foram para cinco dos sete estados da Região Norte, cerca de R$ 4,8 milhões.
A distribuição dos leitos de UTI na região ficou dessa forma:
– Amazonas – 2 hospitais – R$ 2.160.000,00
– Rondônia – 1 hospital – R$ 480.000,00
– Roraima – 1 hospital – R$ 1.344.000,00
– Pará – 1 hospital – R$ 336.000,00
– Tocantins – 2 hospitais – R$ 480.000,00
Os excluídos
Não foram beneficiados o Acre e Amapá. As bancadas de deputados federais e senadores desses dois estados reagiram com críticas ao governo e pediram explicações dos motivos pelos quais os hospitais acrianos e amapaenses ficaram de fora do programa.
“É injustificável estados como o Acre e o Amapá não fazerem parte dessa lista, visto que é no Norte do país onde os casos de covid-19 mais se acentuam. As mortes vêm ocorrendo a cada dia e os hospitais não têm uma UTI para atender esses pacientes graves”, reclamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Presente políticos
Verificando o quadro de estados que mais receberam recursos do Ministério da Saúde para habilitação de UTI, nota-se que Alagoas e Minas Gerais lideram o ranking.
É bom lembrar que os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), são coincidentemente desses dois estados.
Do total da verba – R$ 113,6 milhões – 20% foram para atender hospitais de Alagoas e Minas, um total de R$ 21,88 milhões.
Alagoas recebeu R$ 10,84 milhões para implantar UTI em 15 hospitais. Já Minas Gerais recebeu outros R$ 11 milhões para habilitar unidades de terapia intensiva em 25 hospitais.
Enquanto isso, o estado de São Paulo, que tem a maior em população, mas o governador é “persona non grata” no governo federal, recebeu R$ 6,52 milhões para atender apenas 12 hospitais nos 645 municípios.
Foto: Ministério da Saúde