A Confederação Nacional dos Municípios (CNM ) entregou, nesta segunda-feira (5), aos presidentes da República, da Câmara dos Deputados e do Senado os dados da 15ª edição da pesquisa semanal com o cenário da covidi-19 (coronavírus) no país.
Realizada entre 28 de junho e 2 de julho, com 3.079 gestores locais, o levantamento mostra que quase 53% dos municípios são favoráveis a um lockdown nacional para o enfrentamento da pandemia e a diminuição no número de óbitos.
Pelo menos 1.234 gestores municipais aprovam um fechamento nacional por 15 dias. Outros 350 defendem tempo maior do que esse, de 21 ou 30 dias.
Na Região Norte, 45% dos municípios que participaram da pesquisa CNM aprovam o lockdown. No Tocantins, 27 municípios querem o fechamento total, seguido por Rondônia (14), Pará (9), Amazonas (6), Acre (2) e Roraima (1). Somente o Amapá não respondeu o questionário.
Por outro lado, 47,7% dos municípios nortistas são contrários que ocorra um lockdown nacional.
O presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski (foto ), acredita que o lockdown é uma forma de evitar o “sangramento” no qual o país se encontra, com quase duas mil mortes diárias e vacinação ainda oscilante.
Ele destacou ainda que a maioria da população adulta deve estar totalmente imunizada apenas no início de 2022, e lembrou do risco de falta de leitos diante da circulação de novas cepas.
“Entende-se que é o momento, no mês de agosto, de se decretar e cumprir um lockdown como fizeram outros países que tiveram sucesso e alguns municípios do Brasil”, disse o dirigente da entidade municipalista.
Na opinião dele e dos pesquisadores, para poder interromper e colocar o vírus no chão, o ideal cientificamente é 21 dias, mas com 15 já seria uma hipótese real.
“Fecharíamos os aeroportos e deixaríamos só os serviços essenciais”, disse. Ziulkoski acredita que a medida faria o número de contaminação diminuir e evitaria uma maior mortalidade no país”, aconselha Ziulkoski.
Medidas de isolamento social, como fechamento de serviços não essenciais e outras ações já eram adotadas por 76% dos municípios, na semana da pesquisa. Esse percentual vem se mantendo nessa faixa desde a primeira edição da pesquisa, em março deste ano.
Aumento de infecções
Nesta edição, 21,3% dos municípios pesquisados declararam que houve aumento do número de pessoas infectadas, em 37,5% se manteve no mesmo patamar e em 36,8% houve diminuição no número de casos.
A CNM demonstra preocupação com esses resultados, pois a manutenção de novos infectados em níveis altos está sendo apontada pela quarta vez consecutivamente na nossa pesquisa.
Ao serem analisados os dados por porte de municípios, observa-se que o maior aumento se deu nos municípios grandes e pequenos (23% e 22%). Nas médias cidades esse percentual ficou em 15%.
Perguntados se houve aumento no número de óbitos nos municípios, 25% declararam que se manteve estável, 16,1% indicaram aumento e 13,3% diminuição. Chama a atenção que em 44,1% dos municípios pesquisados esta semana não houve óbitos em virtude da doença.
Kit intubação
Os dados apresentam que, no período da pesquisa, havia risco de falta de medicamentos do “kit intubação” em 13,2% dos municípios da amostra (407), demonstrando que uma parcela considerável das cidades ainda corre o risco de não ter esses medicamentos para atendimento aos pacientes com covid em estado grave. Houve, no entanto, uma queda em relação às semanas anteriores.
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Entre os municípios do Norte há risco de desabastecimento de medicamentos para o “kit intubação” em Rondônia (5), Tocantins (3) Roraima (1). Nos demais estados, os gestores locais disseram que não havia esse risco.
Ocupação de leitos
Sobre a ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nesta semana, 21,5% dos municípios estavam com a capacidade acima de 95% ocupadas, ou seja, mais de 660 cidades; acima de 90% tinham 17,8%. Tal cenário, conforme aponta o presidente da Confederação, é muito preocupante, já foi mais agudo, mas continua forte.
“Quando o assunto é o número de mortes, Ziulkoski alertou: “Estamos nos acostumando e achando que estamos melhorando, mas se não tivermos cuidado, voltaremos a ter a rede de saúde colapsada”, declarou.
Desde julho de 2020, os leitos UTI covid estão cheios. Somente o gasto federal foi de R$ 8,55 bilhões.
Vacinação
Além disso, mais de ¼ dos gestores afirmaram falta de vacinas. Faltou vacinas em 27,2%% dos municípios participantes do levantamento.
Na Região Norte, houve indicação de falta de vacina em 10 municípios de Rondônia; em 9 cidades do Tocantins, no Amazonas (1) e no Pará (1).
Enquanto o imunizante para segunda dose esteve em falta em 13,1%, mais de 96,7% dos gestores afirmam ter faltado vacinas para aplicação da primeira dose.
Segundo a pesquisa, 97,4% dos municípios iniciaram a vacinação dos grupos abaixo de 60 anos sem comorbidades, e em 2,2% ainda não se iniciou. Nesta semana, 29,9% dos municípios pesquisados já estão vacinando a faixa entre 45 a 49 anos; em 29,2% das cidades analisadas a imunização está entre 40 e 44 anos; 6,2% entre 35 e 39 anos; e abaixo dessa idade em cerca de 6%.
O presidente da CNM disse esperar que os dados dessa pesquisa sejam utilizados para auxiliar os municípios brasileiros e a União com ações concretas para mitigar os problemas nos sistemas de saúde de todo o país.
Foto: Agência CNM