O Ministério da Saúde vai apoiar as prefeituras do Amazonas e de todo país no tratamento de sintomas e sequelas da covid-19 (coronavírus).
Para esta ação, o governo está repassando mais de R$ 2,3 milhões às prefeituras amazonenses a fim de reforçar a assistência na atenção primária à saúde no contexto da pandemia.
No total, são R$ 160 milhões a serem destinados aos 5.570 municípios das cinco regiões do país.
Para o cálculo do repasse a cada município, foi elaborado um índice de prioridade em alta, média e baixa.
O índice leva em consideração a quantidade de equipes, índice de vulnerabilidade social, porte populacional e taxa de mortalidade por covid-19.
Dessa forma, o governo federal afirma que busca destinar o recurso para as localidades com questões de grande vulnerabilidade e maior impacto da doença causada pelo coronavírus.
Assim, os municípios de perfil alto tiveram seus valores de repasse fixados em R$ 43.632,00.
É nessa faixa de perfil que estão quase 60% dos municípios do Amazonas. Das 62 cidades do estado, 37 ficaram com “perfil alto”. Juntas, vão receber R$ 1.614.384,00.
Já os municípios amazonenses com perfil médio, cujos valores a receber foram fixados em R$ 29.083,00, representam 37% do total. São 23 cidades que vão receber R$ 669.024,00 para tratar as sequelas pós-covid de suas comunidades.
No perfil baixo, apenas duas cidades do interior do Amazonas se enquadraram nessa categoria: Itamarati e Pauini. Os valores foram fixados pelo MS em R$ 14.544,00 para cada uma.
Ações a serem desenvolvidas
A liberação do investimento foi assinada na última semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
“Os leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) são importantes, mas se tivermos uma atenção primária preparada teremos mais condições de enfrentar o vírus”, disse o ministro.
Com o recurso, os gestores poderão contratar profissionais qualificados, reformar e criar ambientes para abrigar ações necessárias, como espaços para fisioterapia, por exemplo. Além disso, será possível adquirir materiais de consumo necessário.
O secretário da Atenção Primária, Raphael Câmara, falou da importância do investimento, já que 30% a 75% dos pacientes apresentam alguma manifestação pós-covid. Também citou algumas das ações propostas para aplicação dos recursos.
“Esse dinheiro obrigatoriamente tem que servir para fazer a busca ativa de novos casos e o monitoramento, além de definir estratégias de priorização de atendimento, conforme a realidade local”, disse Câmara.
Sintomas por seis meses
Estudo publicado na revista científica The Lancet sobre a evolução tardia de pacientes que passaram por internação por coronavírus demonstrou que, seis meses após a infecção aguda, 76% dos 1.733 pacientes avaliados apresentavam algum sintoma persistente.
O cansaço e a fraqueza muscular foram os sintomas mais comuns, presentes em 63% dos casos, seguidos por dificuldade para dormir, ansiedade e depressão.
Além disso, entre aqueles que desenvolveram casos graves da infecção, 56% desenvolveram algum tipo de alteração pulmonar significativa.
Já estudo publicado no Epidemiology Infection, que acompanhou 767 pacientes após internação, 51,4% desses ainda se queixavam de sintomas após cerca de 80 dias do quadro agudo, mais comumente fadiga e dispneia aos esforços, e 30,5% ainda apresentavam consequências psicológicas pós-traumáticas. Difusão pulmonar prejudicada foi encontrada em 19%.
Foto: Camila Batista/Semsa