Aguinaldo Rodrigues , da Redação
Antes mesmo de começar a votação no dia 1º (a sessão foi adiada do dia 31), o vereador Alessandro Karbajal (PTN), ex-presidente da casa, já antecipava o resultado: “Esta Câmara Municipal não tem coragem de cassar o prefeito de Iranduba [Francisco Gomes (DEM), o Chico Doido]”.
Foi o que aconteceu. Por 7 votos favoráveis, 5 contra e uma ausência, ele foi mantido no mandato.
Chico Doido, mesmo confessando que cometeu o ato caracterizado como improbidade administrativa, ficou longe da ameaça de perder o cargo. Eram necessários 9 votos para a cassação.
O relator da comissão processante, Kelison Dieb (MDB), que investigou a denúncia de que Chico Doido não repassou ao fundo previdenciário do município mais de R$ 4,2 milhões recolhidos dos servidores, entre 2017 e 2018, foi acusado de manipular relatórios que permitiram ao prefeito escapar da cassação.
Na comissão, o presidente Reginaldo Santos (PV) foi voto vencido. Os vereadores Larissa Gomes (PSDB) e Kelison Dieb (MDB) concordaram que o prefeito Chico Doido cometeu irregularidade, mas votaram contra sua cassação.
O prefeito Chico Doido recebeu atestado de boa-fé do relator
Foto: Reprodução/YouTube
Previsão na mosca
Karbajal foi direto em acusar o relator de produzir um parecer para barganhar. “Isso é imoral, é vergonhoso. A imagem que transparece para o Brasil todo é que em Iranduba só tem político corrupto, bandido. Não existe moralidade, não existe exemplo. A postura do prefeito Chico Doido é de uma pessoa incompetente, infeliz”.
“É uma vergonha o que vai acontecer no dia de hoje nesta casa”, completou.
O vereador George Reis (PV) acusou colegas aliados ao prefeito de terem feito negociata pela absolvição.
“A partir de hoje o prefeito Chico Doido pode ficar tranquilo que se depender do meu voto nenhuma denúncia mais será recebida nesta casa”, disse ele, mostrando indignação com o resultado que também sabia antecipadamente ser pela absolvição.
Confira a íntegra dos relatórios:
Relatórios criticados
A sessão tensa, sob pressão e os olhares atentos da população, foi toda assim, de palavras duras e acusações frontais. O presidente da câmara, Josué Lomas (PL), disse que o relatório da comissão processante era “fajuto e arranjado”.
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) vai avaliar gravações internas da câmara que mostrariam suposta negociação entre vereadores fiéis a Chico Doido e secretários do prefeito dias antes da votação, segundo informou fonte do Legislativo.
Lomas acusou que houve negociata com a produção de dois relatórios. “Ficou notório que houve barganha, no mínimo, imoral”. Um dos relatórios seria pela cassação.
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Relator viraliza
O relator, Dieb, não soube explicar o parecer pela cassação e o voto a favor da permanência do prefeito no cargo, afirmando que ele foi obrigado a praticar a infração porque antecessores deixaram débitos.
E ainda deu um atestado de boa-fé a Chico Doido. “Resta evidente a boa-fé do gestor ante a demonstração de efetiva intenção de resolução da problemática”.
Para o presidente da comissão processante, o relator do processo foi um covarde por ter produzido dois relatórios.
“Não é à toa que virou motivo de piada nas redes sociais”, disse Santos.
O que pensa o relator da denúncia
Como votou a câmara
Karbajal, Reis, Glece Alves (PL), Santos e Lomas votaram pela cassação.
Com Chico Doido, Edson Serrão (PSB), José Augusto (MDB), Jackson Pinheiro (PMN), Nely Vale (PP) e Pedro Castro (Pros).
Faltou Geine Oliveira (PCdoB).
Foto: Reprodução/Facebook