Professor da USP e ex-secretário de Cultura de São Paulo, o colunista da Folha de S.Paulo Nabil Bonduki cita o caos da segunda onda da covid (coronavírus), sobretudo em Manaus, como forte argumento para que não haja carnaval de rua neste ano. Neste momento, grandes cidades estão em definição quanto à realização da festa.
Para o colunista, o Carnaval de rua de 2022 deve ser cancelado em todas as cidades brasileiras.
Desde março de 2020, os setores responsáveis da sociedade e que prezam a vida têm, baseados em evidências científicas, defendido a adoção de medidas de prevenção para conter o coronavírus.
Bonduki recorda no texto que oo início, duvidaram da extensão da pandemia.
Depois da primeira onda, parecia que tinha passado, mas aí veio a variante gama (quem não se lembra do drama de Manaus). E, depois, a delta apareceu na Índia e agora a ômicron na África do Sul.
Está claro que não podemos relaxar. O Comitê Científico do Consórcio do Nordeste recomendou o cancelamento do Réveillon e do Carnaval.
Na mesma linha, o governador Rui Costa decidiu que não haverá Carnaval na Bahia em fevereiro: “precisamos ter responsabilidade com a saúde e a vida das pessoas. Realizar o Carnaval no modelo tradicional, em larga escala, se mostra inviável.”
Alguns prefeitos estão considerando a possibilidade de cancelar o Carnaval de rua e autorizar o das Escolas de Samba, nos sambódromos, e as festas em salões fechados. Isso também é muito discutível, pois além do risco sanitário, gerará uma discriminação de renda. Quem pode pagar se diverte e os pobres são excluídos.
No Réveillon do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes foi nessa linha, utilizando a própria segregação urbana para excluir os mais pobres. Promoveu o espetáculo de fogos em Copacabana, mas paralisou o transporte coletivo. Só os moradores da zona sul ou os motorizados (renda mais alta) puderam participar.
Frente à autorização do governo de Pernambuco para a realização de festas fechadas, o secretário de Cultura do Recife reagiu “é muito pertinente a pergunta de como pode ser feito um Carnaval assim, porque ele não pode ser de poucos. O Carnaval que a gente conhece e deseja é o de todos”.
Os prefeitos Ricardo Nunes (SP) e Eduardo Paes (RJ) devem decidir o que fazer nesta semana, depois de consultar seus comitês científicos.
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Foto: Divulgação