Reportagem do O Globo traz uma investigação da Polícia Federal (PF) que revelou o envolvimento de um tenente-coronel do Exército brasileiro em atividades ilegais relacionadas ao garimpo na Amazônia.
Abimael Alves Pinto é acusado de coordenar a comercialização de ouro extraído de garimpos ilegais por militares sob seu comando.
Além disso, ele é suspeito de receber propinas em troca de informações privilegiadas sobre operações do Exército e da Polícia Federal na região.
O oficial também é investigado por “recepcionar” um líder garimpeiro dentro do Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) em Manaus.
As acusações incluem crimes como usurpação de patrimônio da União, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O Exército afirma estar colaborando com as investigações.
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A defesa de Abimael refuta as acusações, alegando que seu nome foi injustamente envolvido. O caso destaca a complexidade e desafios enfrentados no combate ao garimpo ilegal na região amazônica.
Investigação
Na manhã de 27 de junho de 2023, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Jurupari para desmantelar um esquema de corrupção envolvendo militares de alta patente e uma empresa de exportação de ouro. A ação aconteceu nas cidades de Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Ponta Grossa (PR).
Militar recebia mesada
De acordo com as informações divulgadas pela Polícia Federal, um tenente-coronel do exército, cujo nome não foi revelado, era lotado em Manaus e recebia pagamentos mensais dos garimpeiros que atuam em Japurá, no interior do Amazonas. Em troca, ele fornecia informações privilegiadas sobre as operações policiais na região. O dinheiro era depositado na conta da empresa de sua esposa.
Mesmo após ser transferido para Ponta Grossa, no Paraná, o militar continuou a colaborar com os líderes do garimpo ilegal, repassando informações sobre as ações das autoridades. Além dele, outros militares também estão sendo investigados por envolvimento no esquema criminoso.
Mandados de prisão e busca
A operação realizada pela PF cumpriu três mandados de prisão, sendo dois em Manaus e um em Porto Velho. Além disso, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão. Os investigados poderão responder por crimes como usurpação de patrimônio da União, extração irregular de minério e dano ambiental.
Operação Jurupari desvenda rede de exploração ilegal de garimpo
As investigações tiveram início em outubro de 2020, após a prisão de dois homens em Ji-Paraná, Rondônia, por transportarem ouro sem comprovação de origem lícita. Ao analisar os celulares dos suspeitos, a Polícia Federal descobriu indícios de uma extensa rede de garimpo ilegal na região de Japurá, no Amazonas.
Durante as investigações, um dos suspeitos foi morto em frente a sua loja de revenda de carros em Curitiba, no Paraná, logo após ter sido solto em uma audiência de custódia.
A partir desse caso, a polícia identificou um homem que liderava o esquema de exploração ilegal de garimpo, utilizando sua esposa e uma empresa para facilitar transações ilegais de ouro com o principal comprador. O grupo ainda utilizava diversas empresas de metais para dissimular a origem ilícita do ouro.
Mesadas a militares garantia impunidade
Os garimpeiros envolvidos no esquema ilegal pagavam mesadas a militares de alta patente como forma de receber informações privilegiadas e garantir a continuidade do negócio sem serem alvo de operações de combate ao garimpo ilegal.
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A operação realizada pela Polícia Federal tem como objetivo desmantelar essa organização criminosa e responsabilizar todos os envolvidos pelos crimes cometidos, visando combater a exploração ilegal de recursos naturais e preservar o patrimônio ambiental do Amazonas.
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Foto: reprodução