A Editora Valer acaba de lançar mais seis títulos para crianças, dois de autores desconhecidos desse público, mas bastante consultados por estudiosos das Ciências Humanas.
São eles: o etnólogo e antropólogo Nunes Pereira (1893-1985), Como Baíra castigou sua gente, e o naturalista João Barbosa Rodrigues (1842-1909), com O maguari e o sono.
É a primeira vez, também, que a editora lança uma obra do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), A assembleia dos ratos. Lobato é precursor da literatura infantojuvenil brasileira.
Os outros três são O som das letras, de Elson Farias; A lenda da vitória régia e o Casamento da Raposa, adaptados do lendário popular e organizados pela escritora e filósofa Neiza Texeira, coordenadora editorial da Valer.
Os autores fazem parcerias com os ilustradores Rodrigo Abrahim, Josiney Encarnação e Márcio Matias, referências na área editorial do segmento infantojuvenil.
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Amazônia
Os seis livros refletem a estratégia da Valer na publicação de autores e temas que representem a diversidade do imaginário brasileiro, com destaque para a Amazônia.
Nunes Pereira e João Barbosa Rodrigues, por exemplo, são pesquisadores do século 20 que coletaram minucias das culturas dos povos indígenas amazônicos. Ambos tentaram compreendê-los, também, por meio de suas mitologias, parte delas eternizada em suas obras.
João Barbosa Rodrigues, naturalista e botânico, morou em Manaus, no século 19, de onde partiu para incansáveis viagens de contatos com indígenas.
Desse trabalho resultou Poranduba amazonense (Valer). O maguari e o sono garimpado nessa grande obra, no qual está incluso um dicionário Nheengatu-Português.
Nunes Pereira é autor do clássico Moronguetá – um decameron indígena, uma coletânea de ritos, mitos, costumes e pensamentos que tornam a vida humana mais prazerosa, elegante e divertida até nas punições etéreas.
Como Baíra castigou sua gente é um recorte adaptado do livro Baíra, o deus burlão (Valer), avatar do povo Cauaiua-Parintintin, que hoje habita terras banhadas pelo rio Madeira e afluentes.
Elson Farias, membro da Academia Amazonense de Letras, assim como Nunes Pereira, é autor de mais de 30 de poesias, romances e infantojuvenil, entre eles os que compõem a coleção As aventuras de Zezé na floresta amazônica.
Em O som das letras, Elson Farias apresenta as letras do alfabeto português-brasileiro em diálogos versificados, inclusive o W e o Y, de pouco uso entre os falantes nacionais.
A ideia do autor é a que os leitores desse livro exerçam a criatividade brinquem de compor poemas. Monteiro Lobato, autor de vários clássicos do gênero, como As reinações de Narizinho, aborda em a Assembleia dos ratos, a complexidade das sociedades humanas, tal como ocorre no mundo das fábulas.
O livro mostra que por trás das coisas aparentemente fáceis existem questões à espera de sábias soluções.
Neiza Teixeira recria duas histórias que moram no imaginário popular ocidental. Antes se tornar A lenda da vitória régia, a planta aquática que recebeu esse nome em homenagem à rainha do Reino Unido Alexandrina Vitória, já corria no imaginário dos indígenas da Amazônia com outras denominações.
A narrativa organizada por Neiza Teixeira é concisa e procura situar-se entre as versões escritas e orais que correm hoje mundo afora.
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Foto: divulgação