Ao longo de sua história, o reality Big Brother Brasil (BBB), da Globo, sempre se revelou uma mostra do comportamento humano e da formação social e política do país.
O BBB deste ano traz um elemento novo, recém-visto na República. Este é o gabinete do ódio.
No BBB 24, ele ganhou nome de gnomo.
É dali do gnomo que saem os alvos e a orientação dos ataques na Casa. Da mesma forma, é dali que são destilados os ódios.
O chefe desse gabinete é Rodriguinho, cantor que aparece brigando com as notas e tons musicais, artista em decadência.
No entanto, aproveitando-se da ignorância que os brothers têm sobre ele, Rodriguinho incorpora o papel de mentor de um jogo também desafinado da realidade.
Negro, com ancestrais das senzalas, acaba se expondo como capitão do mato.
Só para lembrar, no Brasil da escravidão, o capitão do mato era aquele negro que perseguia os seus irmãos de cor. Sua maior missão era caçar e recapturar escravos que conseguiam fugir das fazendas.
No caso do BBB 24, Rodriguinho e seu gabinete do ódio revelam um Brasil que destila preconceito contra negros e indígenas.
Negro e indígena
Não à toa, ele tenta jogar o negro Davi e a índia Isabelle contra os brancos e outros membros da Casa, tornando os representantes do Norte e Nordeste inimigos dos brothers.
Mas não se trata apenas de um ódio pessoal, mas, sim, a revelação de um Brasil que ojeriza indígenas e nordestinos.
É tudo muito semelhante ao gabinete do ódio que funcionou ao lado do gabinete da Presidência da República, entre 2019 e 2022.
Além disso, vê-se com frequência, no gnomo, comentários machistas e misóginos.
Até a ideia de que há uma cultura superior a outra já apareceu nesse gabinete. E quem mostrou esse pensamento? Rodriguinho.
O capitão do mato do BBB 24 fez isso, ao tentar menosprezar a cultura do boi-bumbá do Amazonas. Esse pensamento, contudo, foi prontamente condenado por sambistas. Por exemplo, Ivo Meireles saiu em defesa do festival de Parintins.
Assim sendo, o Big Brother Brasil serve também para o Brasil conhecer o Brasil que pouco se enxerga.
Arte: Gilmal