O gesto da deputada estadual Alessandra Campelo (MDB) de dar a sétima das oito assinaturas necessárias para instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), para investigar desvio de recursos públicos da saúde, vem sendo tratado como oportunismo e jogo de cena.
Isso porque a parlamentar, citada na operação Maus Caminhos como tendo usufruído pelo menos em uma oportunidade das benesses decorrentes de propina com verbas da saúde, só teria decidido colocar seu nome no requerimento que pede a CPI depois de ter se assegurado que a oitava assinatura não vai sair.
O pedido de instauração do inquérito na ALE é dos deputados Luiz Castro (Rede) e José Ricardo (PT).
Segundo informou o apresentador do programa “Manhã de Notícias”, Ronaldo Tiradentes, nesta sexta, dia 23, Alessandra teria se certificado antes com os colegas parlamentares de que não há disposição para a oitava assinatura no requerimento.
A assinatura na CPI seria uma tentativa de criar discurso em ano eleitoral. Para Tiradentes, Alessandra tem dois discursos. Publicamente, fala que combate corrupção. “Intramuro, nas internas, se beneficia de recursos da Susam [Secretaria de Saúde], fruto de ato de desonestidade”.
Tiradentes relembrou que após o nome da deputada ter aparecido na Maus Caminhos, em reportagem da TV Amazonas, no dia 31 de janeiro deste ano, como tendo ganhado diárias de hotel em Brasília do operador do esquema que desviou mais de R$ 100 milhões da saúde do estado, ela foi à tribuna da ALE dizer que estava sendo vítima de perseguição.
“A deputada foi para a tribuna dizer que o nome dela foi citado porque é mulher. Uma desculpa dissimulada, esfarrapada. Como se mulher não praticasse atos de corrupção”, afirmou.
Quando chegou ao conhecimento da imprensa a citação de seu nome nas investigações da Polícia Federal, Alessandra teria tentado evitar que a matéria fosse publicada. “Ligando para jornalistas, ameaçando para impedir a publicação do nome dela, que está lá [na operação], não é invenção da imprensa”, disse o radialista.
Nos bastidores da ALE, segundo comentário na rádio, circulam comentários de que Alessandra teria interesse em determinados contratos da saúde a serem investigados.
Além de Alessandra, Luiz Castro e José Ricardo, assinaram o requerimento os deputados Augusto Ferraz (DEM), Sinésio Campos (PT), Sabá Reis (PR) e Platiny Soares (DEM). Regimentalmente, uma CPI precisa da concordância de 1/3 dos 24 parlamentares.
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Foto: Divulgação/ALE-AM