Iram Alfaia , de Brasília
Depois de ficar dividida na votação em que retirava do texto-base as mudanças nas regras da aposentadoria para os professores, a bancada do Amazonas na Câmara dos Deputados votou nesta sexta-feira, dia 12, 100% a favor do destaque do PDT à proposta de reforma da previdência que reduziu a idade para a categoria se aposentar.
As professoras agora se aposentam com 52 anos e os professores, com 55. No texto-base, a idade mínima era de 55 anos para as mulheres e 58 anos para homens. O destaque foi aprovado por 465 votos a 25. Votaram contra apenas os deputados do PSL e do Novo.
O deputado Pablo Oliva (PSL-AM), do partido do presidente Jair Bolsonaro, não seguiu a orientação da sigla e votou a favor da redução da idade.
Na votação desta quinta-feira , dia 11, na qual retirava os professores das mudanças, votaram a favor Átila Lins (PP), Marcelo Ramos (PL), José Ricardo (PT) e Sidney Leite (PSD).
Os demais, Pablo, Silas Câmara (PRB), Alberto Neto (PRB) e Bosco Saraiva (SD), votaram contra. A emenda acabou derrotada.
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“Redução de danos”
O líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), considerou a aprovação uma redução de danos na PEC (proposta de emenda constitucional), que ele chamou de “perversa contra os mais humildes”. “Parabéns aos profissionais que fazem a educação do nosso país pela vitória”, disse.
“A redução da idade mínima e do tempo de contribuição para a aposentadoria dos professores não configura privilégio. Eles têm uma carga de trabalho muito pesada, estressante, com grande desgaste psicológico. É preciso valorizar os professores”, disse Ramos.
O deputado que presidiu a comissão especial da reforma afirmou que os destaques rejeitados poderiam trazer prejuízos no longo prazo.
“Todos queremos fazer bondades, mas é preciso que caibam dentro do orçamento. Não podemos ser imediatistas e ignorar o futuro do Brasil. Imagina se todos os destaques fossem aprovados? Seria a insustentabilidade da aposentadoria”, afirmou.
Mobilização pelo professor
Os partidos se mobilizaram em peso na defesa da redução da idade de aposentadoria para professores da ativa e o resultado é que essa foi a única mudança aprovada hoje.
Apenas o partido Novo criticou a redução da idade para os professores. Na noite de ontem, o Novo já tinha orientado contra as regras diferenciadas para policiais.
O deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) disse que a mudança privilegia professores em prejuízo de outras categorias, como caminhoneiros.
“Valorizamos os professores, mas não é em benefícios na aposentadoria que a classe vai ser valorizada. É necessário criar ambiente adequado em sala de aula, uma carreira que remunere melhor para que ele fique mais tempo em sala de aula”.
Defesa da educação
Os pronunciamentos em defesa dos professores e da educação brasileira ocorreram por mais de uma hora.
A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) cobrou mais avanços na educação, como a aprovação do novo Fundeb – que perderá a vigência em 2020 e financia ações na educação básica.
“A votação desse destaque é um reconhecimento aos professores, mas é muito pouco. Os salários da educação são vergonhosos”, disse.
Com informações da Agência Câmara
Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados