Amazonas conta com três pré-candidatos à presidência da Câmara

Se a eleição fosse hoje, partidos de sete deputados da bancada estariam concorrendo: União Brasil, Republicanos e PSD

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 20/02/2024 às 12:34 | Atualizado em: 20/02/2024 às 12:38

A retomada do ano legislativo, no pós-carnaval, vai trazer um tema inevitável aos debates políticos internos dos partidos: a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados.

Embora esse debate já tenha se iniciado logo após a reeleição de Lira, em fevereiro de 2023, quando recebeu o apoio indireto do presidente da República, Lula da Silva (PT), e da maioria da base governista, a eleição da nova mesa diretora da Câmara vai ser acelerada principalmente porque este ano é de eleição municipal.

Por conta do calendário eleitoral, as movimentações e atividades no Congresso terminam em julho, no primeiro recesso parlamentar. Daí em diante é campanha eleitoral até final de outubro.

Logo a seguir, restarão apenas 90 dias – novembro, dezembro e janeiro – para fechar as alianças e as chapas que vão concorrer à presidência da Câmara e do Senado.

Assim sendo, quem são os primeiros nomes indicados a suceder o poderoso e articulado Arthur Lira?

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Apostas

Embora muito cedo, há pelo menos três deputados circulando nas listas e nas bocas dos parlamentares, partidos e blocos políticos: Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

E, nessa trinca partidária, sete dos oito deputados federais do Amazonas pertencem a essas legendas com pré-candidatos à vista. Logo, tenderiam a apoiá-los em uma disputa pela mesa diretora.

O deputado Elmar Nascimento deverá ser indicado pelo atual presidente. Ele é líder do União Brasil, cujo partido está no maior bloco da Câmara com o PP, federação PSDB-Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD.

Ao todo, esse bloco detém 162 dos 513 deputados ou 31,5% da Câmara.

Nesse bloco político, três deputados do Amazonas poderão estar ao lado de Nascimento, caso sua candidatura seja viabilizada: Saullo Viana e Pauderney Avelino, ambos do União Brasil, e Amom Mandel, da federação PSDB-Cidadania.

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Primeiro negro

O segundo nome, cogitado nos gabinetes parlamentares, lideranças e direções partidárias, é o do deputado Antônio Brito (PSD-BA).

Líder do partido, Brito faz parte do segundo maior bloco parlamentar, formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos e tem 143 deputados.

Dessa forma, nessa provável candidatura, podem embarcar os deputados amazonenses Átila Lins e Sidney Leite, ambos do PSD.

A vantagem de Brito é que ele é do PSD, aliado de primeira hora do governo Lula.

Além disso, o baiano poderá vir a ser o primeiro negro a presidir a Câmara dos Deputados.

Evangélicos

Por fim, o terceiro nome que aparece nas “bolsas de apostas” políticas é o do eterno candidato a presidente, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Ele contaria com o apoio dos amazonenses Silas Câmara e Adail Filho, filiados no mesmo partido do pastor evangélico.

Atual vice-presidente da Câmara, Pereira não conta com o apoio de Lira, mas se confia na bancada evangélica de mais de 130 deputados.

Ademais, tem o peso político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que ainda é do Republicanos.

Há rumores que Freitas deverá deixar a legenda. Com isso, a candidatura de Pereira sofreria um revés.

PL de Bolsonaro

Com 96 deputados federais, quem ainda não escolheu lado nem nome para a disputa da Câmara no ano que vem é o PL, partido do ex-presidente Bolsonaro.

A legenda conta um deputado federal do Amazonas: Capitão Alberto Neto.

No entanto, nenhum dos três prováveis candidatos a presidente não conseguiria se eleger somente com os votos dos seus respectivos blocos ou partidos. Isso porque são necessários 257 votos ou maioria simples para vencer as eleições da Câmara dos Deputados.

PT fora

Por fim, sabe-se que a federação Brasil da Esperança, composta pelo PT-PCdoB-PV, com apenas 81 deputados, e o próprio governo Lula, neste momento, não têm força política para emplacar um candidatura puro-sangue da esquerda. Embora, conte ainda com 28 votos do Psol e PSB (14 cada um).

“Acredito que o PT não tem maioria para fazer o próximo presidente da Câmara. Mas, em caso de candidatura própria, perde e cria ranço com o futuro presidente como ocorreu com a eleição de Eduardo Cunha, que promoveu o impeachment da presidente Dilma Rousseff”, analisou um experiente político do Amazonas, que preferiu não se identificar.

A situação do PT ainda piora após sinalizações favoráveis de petistas aos pré-candidatos Nascimento e Pereira.

Vice-presidente do PT, o deputado Washington Quaquá (RJ) disse em entrevista ao jornal Correio da Manhã que a legenda não vai ter candidato próprio e elogiou Pereira, a quem classificou como sendo alguém “de muita confiança”.

Na mesma entrevista, disse que o PT precisa estar alinhado a Lira. Hoje Nascimento é visto como nome mais próximo do presidente da casa e sua escolha pessoal para ser seu sucessor.

Senado

Já no Senado, a corrida à sucessão de Rodrigo Pacheco está praticamente sacramentada.

O principal nome é o do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Atualmente, presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre conta com o apoio de Pacheco e, ao que parece, da bancada de apoio a Lula.

Há expectativa que o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição e partidário de Bolsonaro, seja o candidato que vai enfrentar Alcolumbre.

Mesmo não pertencendo ao partido de nenhum dos pré-candidatos, os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) tendem a apoiar Alcolumbre.

Já Plínio Valério (PSDB) deverá estar com o oposicionista Marinho.

Sem querer se comprometer com as eleições na Câmara e no Senado, nenhum membro da bancada quis se posicionar sobre candidaturas.

“É muito cedo para fazermos ilações ou comentários sobre candidatura a, b ou c, pois, muita água há que rolar por debaixo da ponte”, disse um parlamentar do Amazonas.

Fotomontagem: BNC Amazonas