Neuton Corrêa , da Redação
Exumado em maio de 2017 da catacumba política onde se recolheu ainda em 2012, quando não disputou a reeleição a prefeito de Manaus por causa da baixa aprovação de sua gestão, o governador-tampão Amazonino Mendes (PDT) está de volta hoje a seu mausoléu.
Perto de completar 80 anos de idade e uma rara história política de feitos que deixam fatos suficientes para colocá-lo na galeria dos grandes homens públicos do Amazonas, como estadista e ao mesmo tempo populista, Amazonino conclui um ciclo conturbado.
Em plena discussão da preservação ambiental, por exemplo, ele fez doações de milhares de motosserras, expostas às vésperas das eleições no maior estacionamento da capital, o do estádio Vivaldo Lima, a atual Arena da Amazônia.
Mas, é dele também a ideia e a criação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), um dos maiores saltos de qualidade do conhecimento na região, ainda que longe daquilo que diz ter pensado para ela: uma instituição de produção saber amazônico.
Amazonino, porém, será lembrado também pela forma política com que comandou o estado, com extrema força eleitoral que lhe deu o quarto mandato de governador, e com uma chance muito real de chegar pela quinta vez ao cargo neste ano.
Egresso da escolha do falecido governador Gilberto Mestrinho (na foto, à dir. ), que lhe deu o cargo de prefeito nomeado de Manaus em 1983, o aluno superou o mestre em mandatos e na continuidade da escola, que produziu, em série, várias lideranças políticas.
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Abalos da derrota inesperada
Para ele, porém, que declarou em entrevista recente a uma rádio que se ressente do povo do Amazonas pelo fato de não ter sido reeleito, levando em consideração o tanto que fez pelo estado, sua volta à solidão do poder significará angústias, mágoas e fantasmas que o perturbavam antes de ser estimulado a voltar à vida pública, no ano passado.
O quase ex-governador rompeu com o grupo que lhe devolveu o poder em 2017. Tinha a certeza da reeleição porque a prática do poder lhe criou vícios.
No ano passado, menos de duas horas depois do resultado da eleição complementar, ele começou a se afastar de seus amigos e consolidou esse distanciamento dois meses depois, quando afastou todos aqueles que o lançaram ao pleito.
Um fantasma no Tarumã
O resultado dessa estratégia será consolidado amanhã, com a posse do governador Wilson Lima (PSC), que será o seu próximo ressentimento. Isso porque ainda custará a entender como pôde perder a disputa para uma pessoa que tentou dar aulas de governo em plena campanha política.
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Foto: Divulgação/Secom