Aguinaldo Rodrigues , da Redação
Em tom de despedida da vida política, pelo menos das disputas eleitorais, o governador Amazonino Mendes (PDT), a pouco dias de encerrar seu quarto mandato no Governo do Amazonas, fez revelações inéditas ao radialista Ronaldo Tiradentes, da Rede Tiradentes, na manhã desta segunda, dia 10.
Sobre a derrota para o radialista Wilson Lima (PSC) no pleito deste ano, Amazonino disse que a eleição o decepcionou, “embora eu sentisse claramente a tendência. Não havia o que fazer diante de um fenômeno político que ocorre de vez em quando”, afirmou.
Amazonino acrescentou que enfrentou neste pleito um sentimento de revolta da população, em todo o país, que “já não mais suportava as peripécias, as molecagens políticas e administrativas que campearam na nossa nação”.
Julgando que fez uma gestão de ótimos resultados nesse mandato tampão de um ano e dois meses e poucos dias, Amazonino disse que seu sonho era recompor o estado por completo. A experiência no comando da máquina era sua maior ferramenta.
“Essa foi a maior frustração, mas não mexeu com meu espírito, não mexeu com meu sentimento, não me criou mágoa. Me deu decepção, mas revolta, espírito de revanchista, não, absolutamente”.
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Amazonino livre
Passada a eleição, Amazonino disse que agora está com o espírito leve, livre. Para ele, a tarefa que enfrentou nos últimos dois anos, com “quatro eleições” (dois pleitos com segundos turnos), foi uma luta brutal para recuperar o estado.
“O estado [que recebeu] em situação de lamúria, de lamento, de falta de perspectiva”.
Lembrou ainda que administrou com uma Assembleia Legislativa que, “pela primeira vez na história do Amazonas”, fez oposição ao governo.
“Dizer que eu saí mal avaliado, pode até ser, mas fizemos uma grande administração”.
Sobre o futuro governador
Sem demonstrar nenhum gesto de deselegância com o governador eleito Wilson Lima, Amazonino confirmou que vai sim passar a faixa do cargo a ele.
“Perdi a eleição, acabou. Ele ganhou a eleição”, disse, para afirmar que não se sente injustiçado pelo povo.
“A verdade é a seguinte: a coisa mais correta que tem é a decisão do povo. O povo não erra. O povo se equivoca (risos ). Mas não erra”.
Além de respeitar essa decisão das urnas, Amazonino disse que é preciso “rezar, pedir a Deus” e procurar ajudar para que Wilson faça um bom governo.
O governador só lamentou que esteja havendo truncamento de dados na transição de governo. Ele se referia à notícia de que deixaria débito de R$ 1,5 bilhão.
“Infantilmente, de forma muito elementar, abriram a boca pra dizer de um débito de um bilhão e meio. É lamentável isso”.
Amazonino admitiu que, de uma dívida que recebeu de R$ 1,7 bilhão, vão ficar para Wilson R$ 500 milhões, especificamente no setor de saúde .
Nessa área, Amazonino teve de negociar com fornecedores, prestadores de serviços e servidores o pagamento de atrasados salariais e outras dívidas deixadas por governos anteriores, desde 2015.
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Agora, a aposentadoria. Pra valer!
Tiradentes quis saber se Amazonino voltaria a concorrer nas próximas eleições. De pronto, ele respondeu que não.
“Não tem por que eu voltar à liça. Não tem não. Deixe as coisas correrem. As coisas se acertam, a história corrige muitas coisas. É esperar”.
Com um certo ar de tristeza, Amazonino se despediu assim:
“O povo me deu quatro mandatos de governador, três de prefeito, um de senador. Eu tenho que ser grato a este povo, e eu dei tudo de mim. Experiência que eu acumulei da minha vida, minha determinação, minha coragem, e no final o povo avaliou, o povo não gostou”.
Completou o governador: “Então, mas eu gostei. Me senti bem, muito bem. Se eu morrer amanhã, morro agradecido, cheio de reverência e amor ao meu povo”.
Com colaboração de Neuton Corrêa , da Redação
Veja a entrevista completa em vídeo do Facebook/Rede Tiradentes
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Foto: BNC Amazonas