Congresso corre com pauta assistencialista para dar fĂ´lego a Bolsonaro

A lista de 45 propostas enviadas neste ano por Bolsonaro como prioridade para anĂ¡lise dos parlamentares nĂ£o avançou e apenas sete delas foram aprovadas

Publicado em: 05/07/2022 Ă s 11:50 | Atualizado em: 05/07/2022 Ă s 11:54

A quase trĂªs meses das eleições, parlamentares governistas tĂªm pressa para articular o andamento das pautas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para dar recado ao eleitor atĂ© 2 de outubro. Enquanto os projetos defendidos pelo “bolsonarismo raiz”, mais ideolĂ³gicos, naufragam, ganham fĂ´lego ao menos aqueles de viĂ©s econĂ´mico e, principalmente, os que miram no assistencialismo.

Mas o prognĂ³stico Ă© ruim: de agora atĂ© o dia do primeiro turno, a tendĂªncia Ă© que o ritmo de votações diminua, uma vez que congressistas se dividem entre BrasĂ­lia e suas bases eleitorais para dar andamento Ă s campanhas.

O centrĂ£o, contudo, estĂ¡ empenhado em tentar reduzir a rejeiĂ§Ă£o do presidente e conquistar o eleitorado mais pobre, por exemplo.

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Com isso, a “PEC (proposta de emenda Ă  ConstituiĂ§Ă£o) das Bondades”, que autoriza o gasto de mais de R$ 40 bilhões para financiar subsĂ­dio a caminhoneiros e taxistas em ano eleitoral, alĂ©m de autorizar a ampliaĂ§Ă£o das parcelas do AuxĂ­lio Brasil, avançou no Congresso e foi aprovada na Ăºltima quinta no Senado.

O texto deve ser aprovado na CĂ¢mara nesta semana, se tiver a tramitaĂ§Ă£o encurtada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Isso porque Lira, aliado de Bolsonaro, pode apensar a proposta Ă  PEC dos biocombustĂ­veis, que jĂ¡ Ă© analisada pelos deputados. A manobra regimental, entretanto, Ă© criticada pela oposiĂ§Ă£o.

Prioridades esvaziadas

A lista de 45 propostas enviadas neste ano por Bolsonaro como prioridade para anĂ¡lise dos parlamentares nĂ£o avançou e apenas sete delas foram aprovadas na CĂ¢mara e no Senado atĂ© o momento — o equivalente a 15% do total.

RegulamentaĂ§Ă£o do homeschooling, flexibilizaĂ§Ă£o do porte de armas e reduĂ§Ă£o da maioridade penal sĂ£o algumas das propostas bolsonaristas que fracassaram no Congresso.

Na CĂ¢mara, por exemplo, foi aprovado o texto que cria regras para a educaĂ§Ă£o domiciliar. Apesar de ser uma pauta do Executivo, era tambĂ©m defendida pela bancada evangĂ©lica, aliada do presidente. No entanto, desde que chegou no Senado, nĂ£o caminhou.

O lĂ­der do governo no Senado, Carlos Portinho (PL), admitiu a falta de consenso em torno do texto e afirmou que o foco do governo neste ano Ă© reduzir o preço dos combustĂ­veis e combater a alta inflaĂ§Ă£o que assola a populaĂ§Ă£o brasileira. Apesar do revĂ©s, Portinho afirmou que o PalĂ¡cio do Planalto ainda tem poder de pautar o Legislativo.

Mas, das 38 propostas que ainda nĂ£o foram analisadas, alĂ©m do homeschooling, apenas seis chegaram a passar por ao menos uma das Casas Legislativas, mas nĂ£o tiveram sucesso na outra. O restante nem sequer saiu das comissões — primeira etapa de tramitaĂ§Ă£o — ou foram formalizadas.

ComposiĂ§Ă£o da base

Para o analista AndrĂ© Santos, da Contatos Assessoria PolĂ­tica, o baixo aproveitamento reflete a “base aliada instĂ¡vel” de Bolsonaro no Legislativo desde 2019, primeiro ano do mandato.

De lĂ¡ para cĂ¡, o presidente conseguiu eleger um aliado Ă  PresidĂªncia da CĂ¢mara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que deu sobrevida Ă s propostas com convergĂªncia entre partidos do CentrĂ£o, como Ă© o caso das bancadas classificadas por ele como “independentes”.

Esse grupo reĂºne 206 deputados nas seguintes siglas: MDB, PSDB, UniĂ£o Brasil, PSD, Cidadania, Solidariedade, Podemos, Avante, PTB e Pros. “SĂ£o partidos que nĂ£o tĂªm alinhamento completo com Bolsonaro, mas votam com o governo em assuntos em comum, principalmente em projetos do agro e de retomada econĂ´mica”, explicou Santos.

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Foto: reproduĂ§Ă£o/ VĂ­deo