Após o país registrar mais de 3 mil mortes por covid-19 em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a criação de um comitê para acompanhar os desdobramentos da pandemia no país. Ele também voltou a defender a vacinação em massa, mas insistiu que o tratamento precoce – ainda sem eficácia comprovada que usa cloroquina – seja discutido.
O anuncio aconteceu durante reunião para discutir o recorde inédito de casos de covid-19 entre Bolsonaro, os presidentes da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Fux, ministros e alguns governadores.
Foram convidados governadores de cinco regiões: Claudio Castro (Rio de Janeiro), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás), Renan Filho (Alagoas), Wilson Lima (Amazonas), Marcos Rocha (Rondônia), e Ratinho Jr. (Paraná).
Com exceção de Renan Filho, todos os outros costumam se alinhar com Bolsonaro.
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O governador de Alagoas, contudo, também não costuma fazer embates públicos com o presidente, ao contrário da maioria dos governantes do Nordeste.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), vê com ceticismo o encontro realizado pelo presidente Jair Bolsonaro para debater a pandemia da covid.
“Talvez a maior preocupação esteja mais em uma fotografia e em uma manchete que deem aparência de ação do que efetivamente viabilizar caminho de superação da crise”, disse Leite ao Congresso em Foco.
O Rio Grande do Sul é o estado que enfrenta uma das situações mais críticas de ocupação de leitos de UTIs durante a crise atual do coronavírus.
O encontro
“Fizemos reunião com todos os líderes da República com a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. Resolvemos que será criada uma coordenação conjunta aos governadores. Da nossa parte, o comitê se reunirá toda semana para debater o combate ao coronavírus”, destacou Bolsonaro.
A declaração representa uma mudança de postura do governo federal, que durante a pandemia renegou medidas de controle, como uso de máscara e distanciamento social.
Nessa terça-feira (23/3), Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão defendendo a vacinação em massa. A população reagiu com panelaços.
“União”
O presidente do Senado ficou responsável por ouvir governadores e levar as demandas ao grupo. Inicialmente, o comitê vai se reunir uma vez por semana.
“O momento impõe dever cívico, patriótico e de responsabilidade, a união dos poderes e do povo brasileiro no enfrentamento dessa pandemia. União significa pacto nacional liderado pelo senhor presidente. Liderança política nesse pacto nacional do presidente e liderança técnica do ministro da Saúde [Marcelo Queiroga]”, frisou.
Pacheco ainda ressaltou: “Poderes devem, mais do que nunca, estar unidos nesse momento para a constituição imediata de um comitê para definirmos políticas uniformes. As divergências devem ser dirimidas”, salientou.
Leitos e vacina
Entre as demandas, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira, está o aumento da oferta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) e o aceleramento da vacinação.
“Nos compete, enquanto representantes da população, falarmos uma linguagem só, com acompanhamento diário, para que possamos ter rumo, coordenados com a supervisão do presidente. Temos que ter um único discurso, uma única orientação nacional”, finalizou.
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Foto: Reprodução/TV