Sob fortes críticas, o Senado instala nesta quarta-feira (14) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação das organizações não governamentais (ongs) na Amazônia.
A CPI das ongs é uma peleja de quatro anos do senador Plínio Valério (PSDB-AM), para quem é fundamental investigar as ações das organizações na região.
Precisamos saber o que essas ongs fazem com os tantos milhões, não só do Fundo Amazônia, que, repito aqui o que disse há quatro anos, para nós da Amazônia, para o homem da floresta, o ribeirinho, o pequeno agricultor, o pescador, não vale absolutamente nada , disse o senador.
Contudo, a CPI das ongs terá entre os seus membros senadores que não concordam com própria existência dela.
O senador Beto Faro (PT-PA), indicado como titular da comissão, diz que a comissão não tem objeto definido e, seu único foco, é criminalizar organizações não-governamentais.
A CPI tem como principal objetivo criminalizar ou procurar argumentos contra o governo. Já houve outras iniciativas a respeito, e nunca foi provado nada nesse sentido. Esta comissão já será criada com uma perda de foco e sem um objetivo claro, a não ser buscar argumentos infundados , disse Faro.
Para ele, é de se estranhar uma investigação sem objeto e num momento em que o país recupera seu prestígio internacional, após quatro anos de ataques bolsonaristas ao meio ambiente.
Outro fato que nos chama muito a intenção é a criação desta comissão tão perto do recesso parlamentar, e justamente quando o Brasil volta ao cenário mundial como protagonista de tantas ações positivas , afirmou.
A senadora Teresa Leitão (PT-PE), indicada como suplente de Beto Faro na comissão, diz que o trabalho do colegiado será importante para impedir que entidades sérias sejam prejudicadas.
“Vamos atuar nessa CPI com bastante prudência e firmeza, sem permitir que ela se torne um palco para ilações contra organizações civis sérias”, afirmou.
Se há atividades que merecem fiscalização mais rigorosa em defesa das populações mais vulneráveis na Amazônia, deveremos nos debruçar sobre isso, mas não aceitaremos perseguição baseada em falsos argumentos que pretendem ideologizar indevidamente essa questão .
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Foto: Pedro França/Agência Senado