CPI tenta relacionar secretária de Marina com seu passado em ong
O currículo de Ana Amélia Campos aponta experiência em ONGs ambientalistas como Ipam, Greenpeace e Instituto Clima e Sociedade (ICS)

Ferreira Gabriel
Publicado em: 26/09/2023 às 18:48 | Atualizado em: 26/09/2023 às 18:48
A CPI das ONGs ouviu, nesta terça-feira (26), a chefe da Secretaria Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Amelia Campos Toni.
Ela negou que foi convidada ao cargo em razão de atividade estratégica que exercia na ONG Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) como membro do Conselho Deliberativa. O depoimento atendeu a requerimento do senador Marcio Bittar (União-AC), que é relator no colegiado.
“Eu tenho 31 anos de trabalho sobre o tema do clima. Também estive no setor privado. Acredito que fui convidada pelos méritos da experiência. Desde que virei secretária, não trouxe nenhuma pessoa de qualquer outro setor [que não seja o setor público]. Quando foi confirmado meu convite para a secretaria, em março, solicitei afastamento dos Conselhos que participava. Todas as formalidades jurídicas foram feitas”, disse Ana, que é doutora em Ciência Política pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Os senadores Plínio Valério (PSDB-AM), presidente da CPI, e Bittar atribuem a ocupação de ex-diretores de ONGs em cargos públicos ou em universidades a uma prática frequente e eticamente questionável.
“O que acho grave é que pessoas que fazem parte de ONG vão para o governo. Influenciam, por exemplo, na política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e praticamente decidem quem pode ser captador dos recursos do Fundo Amazônia. E a ONG [de] que fizeram parte, e [das quais] depois, muitas vezes, voltam a fazer parte, são aquelas que recebem [os recursos]. Eu vejo uma relação promíscua”, disse Bittar.
Plinio sugeriu formas de coibir a prática. Segundo ele, a CPI proporá alterações legislativas ao final de seus trabalhos, em 23 de outubro.
“Vamos sugerir que se cumpram alguns dias [para que ex-diretores possam ocupar cargos públicos], como uma quarentena. Para eles é normalíssimo. Para nós, não”.
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