Neuton Corrêa , da Redação
Trinta e nove dias após ter sido preso pela Polícia Federal por suposto crime eleitoral cometido por ele nas eleições do ano passado, o deputado estadual eleito Saullo Velame Vianna (PPS) quebrou o silêncio que manteve até hoje e distribuiu um vídeo falando da razão de seu recolhimento e do sentimento sobre a situação.
O futuro parlamentar amazonense se coloca na posição de vítima, se diz injustiçado, perseguido, indignado e revoltado.
Saullo afirma, sem dar nomes, que estão tentando tomar seu mandato no “tapetão” (expressão usada no futebol para o time que ganha título nos tribunais).
“Decidi ser deputado para ajudar as pessoas. Só não sabia que essa nova forma de pensar a política iria incomodar tanto. Estou sendo perseguido. Estão tentando tomar no tapetão o mandato que você me ajudou a conquistar”, diz no vídeo.
Ele acrescenta que resolveu falar para afirmar que é um homem digno e que reúne forças para fazer valer a confiança recebida.
“Vim aqui para poder afirmar que sou um homem digno. Hoje, aqui na minha casa, reúno forças para poder erguer minha cabeça e preservar a minha dignidade. Quero poder dizer para vocês: chega de perseguição. Vou lutar para fazer valer a sua confiança”.
O caso
De acordo com fontes da Justiça Eleitoral, Saullo Vianna foi preso no desdobramento das investigações que prenderam, por estelionato, um servidor cedido pela Prefeitura de Manaus para atuar no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) nas eleições 2018, conhecido apenas como Wagner, no dia 7 de outubro, dia do primeiro turno.
Segundo informações do processo, Wagner abordava candidatos, oferecia informações e pedia pagamento em troca.
O nome de Saullo aparece em mensagem do celular de Wagner, apreendido no dia de sua prisão.
De acordo com o processo, o deputado eleito não teve contato com o estelionatário, mas seu motorista e sua secretária, presos no mesmo dia que Saullo foi recolhido a presídio, tiveram conversas com Wagner e teriam marcado um encontro com ele.
Fontes do BNC Amazonas disseram que Wagner teria cobradoR$ 40 mil do então candidato.
Sigilo
Apesar de ter sido um processo no âmbito da Justiça Eleitoral, o caso ainda não aparece no PJe (Processo Judicial Eletrônico) do TRE-AM, onde a corte torna públicas todas as ações eleitorais.
Veja o vídeo
VIDEO
Leia abaixo o que disse o deputado eleito no vídeo
Sei que me recolhi, mas nos últimos foram de muita tristeza e sofrimento para mim e para minha família. Eu não tenho padrinho político. A minha família não é tradicional. E eu sempre ralei muito para conquistar tudo na vida.
Decidi ser deputado para ajudar as pessoas. Só não sabia que essa nova forma de pensar a política iria incomodar tanto. Estou sendo perseguido. Estão tentando tomar no tapetão o mandato que você me ajudou a conquistar.
Hoje, o sentimento que tenho é de injustiça, de indignação e de revolta.
Vim aqui para poder afirmar que sou um homem digno. Hoje, aqui na minha casa, reúno forças para poder erguer minha cabeça e preservar a minha dignidade.
Quero poder dizer para vocês: chega de perseguição. Vou lutar para fazer valer a sua confiança.
Um grande abraço.
Foto: Reprodução/vídeo