Deputado Silas Câmara: um pastor à espera de um novo milagre

No quesito milagre, o parlamentar é campeão em graças divinas. Vale lembrar o caso das rachadinhas de que foi acusado no STF

31/01/2024 05:36

Neuton Corrêa, do BNC Amazonas

André Mendonça e Silas Câmara lendo a bíblia

O deputado federal Silas Câmara (Republicanos) está novamente, como réu, mas diante de um novo tribunal e à espera de um novo milagre.

Nesta quarta-feira, 31, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) retoma o julgamento de um processo em que ele é acusado de captação ou gastos ilícitos de recursos com fretamento de aeronaves, em sua reeleição de 2022.

Placar desfavorável: 4 a 1

O placar já lhe é desfavorável. Numa corte composta por sete julgadores, Silas já tem quatro votos pela cassação de seu mandato.

Na semana passada, ele ganhou um voto favorável. Este foi o do juiz Marcelo Manuel da Costa Vieira. Foi o magistrado que o livrou da punição no dia 12, quando o TRE-AM formou maioria pela cassação.

Contudo, Marcelo Vieira pediu vista e, na semana passada, ele antecipou que seu voto seria devolvido e que já poderia revelar. Sua manifestação é favorável a Silas. Mas esse voto divergente só se abrirá ao público hoje, às 11h, quando o julgamento for retomado.

Voto divergente

Assim sendo, o voto divergente de Vieira pode ser o caminho de Silas Câmara ao milagre.

Três desfechos possíveis

Isso porque, dos três desfechos possíveis para a sessão de hoje, dois podem ocorrer pelo voto divergente.

Essas abaixos são as possibilidades

1 – Cassação

2 – O voto divergente pode fazer com que magistrados que já votaram mudem de opinião e reformem seu entendimento. Isso é possível, dependendo da fundamentação da divergência.

3 – Novo pedido de vista – nesse caso, Silas Câmara ganha tempo e mantém o mandato.

O milagre

Uma virada de jogo nesse julgamento seria um milagre, avaliam juristas que acompanham os bastidores desse processo.

No entando, Silas Câmara, pastor da Assembleia de Deus, é campeão de obter graças divinas na Justiça.

Rachadinhas no STF

Lembram do caso das rachadinhas? O MPF o denunciou por apropriação indevida de dinheiro dos servidores de seu gabinete.

Ele conseguiu segurar esse caso por dez anos. E não foi em uma corte qualquer. Foi no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo saiu tanto da mesa de julgamento que até se perderam as contagens de adiamentos.

Mas, quando foi a julgamento, e já com placar desfavorável e o tempo jogando contra Silas, eis que surgiu o milagre.

Este milagre foi por meio de um pastor terrivelmente evangélico. Pois o ministro André Mendonça (foto), recém-chegado ao STF, perdoou o irmão. O réu, em gesto de contrição, confessou o crime.

Dessa forma, ganhou o perdão divino e manteve o mandato. O STF extingiu o processo.