ZFM: setor eletroeletrônico tem alta de 36% no trimestre, maior em cinco anos

Aumento das vendas foi puxado pelo ar-condicionado e ventiladores por conta dos impactos das mudanças climáticas.

Trimestre ZFM

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 21/05/2024 às 21:08 | Atualizado em: 21/05/2024 às 21:10

O setor eletroeletrônico da Zona Franca de Manaus (ZFM) e de todo o país comemora alta de 36% nas vendas no primeiro trimestre do ano, comparado ao mesmo período de 2023.

E o produto que que mais cresceu foi o ar-condicionado fabricado no polo industrial da ZFM.

Trata-se do melhor resultado em um primeiro trimestre nos últimos cinco anos. O melhor desempenho do setor ocorre, geralmente, nos demais trimestres.

“Isso representa mais dinheiro circulando na economia, mais empregos e mais oportunidades de investimentos no país”.

É o que afirmou o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento Júnior.

Portanto, entre janeiro e março deste ano foram comercializados 25.548.013 milhões de unidades de aparelhos eletroeletrônicos no país. Em 2023, 18.752.554 milhões vendidas no mesmo período.

Por outro lado, o executivo da Eletros disse acreditar que o aumento nas vendas de ar-condicionado está ligado aos impactos das mudanças climáticas, como a seca extrema ocorrida no Amazonas em 2023.

No entanto, a seca e o calor intenso, em todo o país, também impactam em categorias como filtros e purificadores de ar e refrigeradores de pequeno porte.

Segundo maior polo produtor de ar-condicionado do mundo, o Brasil assistiu a um crescimento surpreendente na demanda por esses produtos neste primeiro trimestre por conta das fortes ondas de calor registradas no país.

De acordo com a Eletros, o crescimento foi de 82% nas vendas de 1.505.483 unidades, contra 825.134 do primeiro trimestre do ano passado.

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Ventiladores

As fortes ondas de calor registradas recentemente também impactaram os indicadores de desempenho dos eletroportáteis, tendo em vista que a demanda por ventiladores influenciou estes números de forma significativa.

As vendas de eletroportáteis cresceram 43% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado.

Foram comercializadas 17.659.693 milhões de unidades contra 12.313.571 nos três primeiros meses de 2023.

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Fatores

No caso dos ar-condicionados, o aumento nas vendas ocorreu pela elevação das temperaturas, mas também a geração de emprego e renda.

“O nosso setor é de alto consumo. Portanto, mais gente empregada, mais gente compra os nossos produtos. Se o desemprego aumenta, reduz o consumo dos eletrodomésticos e eletrônicos”, afirmou Jorge Nascimento Jr.

Outros fatores que influenciaram o aquecimento das vendas dos eletroeletrônicos foram: redução dos juros, com parcelas de prestações menores.

Assim como o controle da inflação e o sucesso dos planos econômicos e sociais do governo federal: Bolsa Família e o Desenrola Brasil, o programa de perdão das dívidas dos brasileiros.

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Televisores

Já as vendas da linha marrom, cujo principal produto são os televisores, cresceram 17% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram comercializadas 2.926.399 contra 2.504.594 no ano passado.

Fatores como a queda nos juros, que por sua vez possibilitam melhores condições na tomada de crédito para aquisição de produtos de maior valor, influenciaram no resultado.

Linha branca

A redução gradual na taxa de juros também influenciou o resultado das vendas no setorial de linha branca, que inclui produtos como geladeiras, máquinas de lavar roupa, fogões, entre outros.

De acordo com o presidente da Eletros, esses produtos são fundamentais para a manutenção da rotina doméstica e que estão presentes na vida de todos os brasileiros.

Com crescimento 11%, foram comercializadas neste ano 3.456.438 ante a 3.109.255 milhões de unidades no primeiro trimestre de 2023.

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Enchentes no Sul

Embora as indústrias de eletroeletrônicos já estejam se mobilizando nas doações às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, enviando fogões, geladeiras, cesta básica e água, a Eletros quer fazer mais.

De acordo com Nascimento Jr., a entidade está conversando com o governo federal, sobre uma política específica para a população gaúcha ter acesso a eletrodomésticos mais baratos.

“Será uma ajuda no processo de reconstrução do Estado e da vida das famílias gaúchas. Quando se perde tudo e precisa montar de uma hora para outra, acho que teria uma política de facilitação de acesso aos produtos eletrodomésticos. Estamos conversando com o governo. Tudo é muito embrionário para pensar num plano de ação de forma facilitada”.

Perspectiva conservadora

Ainda que tenha havido crescimento de 36% no trimestre, a indústria de eletroeletrônico é conservadora em relação ao restante de 2024. Até o final do ano, prevê vendas de apenas 10%.

Segundo o presidente da Eletros, o cenário para 2024 não tão promissor visto que a chegada do fenômeno La Niña (em vez do El Niño) vai trazer muita chuva e não altas temperaturas.

Outro fator preocupante é a previsão de uma seca histórica no Amazonas, maior do que a de 2023.

“Os dados de hoje (terça-feira,21) revela que o rio está 1,80 metro abaixo do nível do mesmo período do ano passado. Imagina que não estivermos no período crítico”.

José Jorge Nascimento Jr. é conservador sobre as perspectivas para o resto do ano

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Cenário preocupante

Nascimento também adverte para o fato de que, em 2023, as empresas da ZFM tiveram que paralisar as atividades por cerca de 35 dias.

No entanto, em 2024, com uma estiagem mais forte, a previsão é que as indústrias da ZFM parem a produção por 45 a 60 dias.

“É um cenário preocupante porque sem produção, cai o faturamento, haverá demissões e tantos outros prejuízos que virão. Por isso, já estamos conversando com os governos federal, estadual e municipal para que possamos antecipar e mitigar muitos desses problemas”.

Fotos: divulgação