O ex-superintendente da PF no Amazonas Alexandre Saraiva vai prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados sobre a notícia-crime apresentada contra o ministro do Meio Ambiente , Ricardo Salles, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A Comissão de Legislação Participativa e a Direitos Humanos e Minorias realiza audiência conjunta do tema nesta segunda-feira (26).
Alexandre Saraiva liderou a investigação que resultou na apreensão histórica de 200 mil metros cúbicos de madeira ilegal na Operação Handroanthus GLO.
De acordo com a notícia-crime, o delegado diz que Salles tentou obstruir a investigação. Ele acusa o ministro pela prática de três delitos: dificultar a ação fiscalizadora do poder público no meio ambiente; exercer advocacia administrativa; e integrar organização criminosa.
“Ele estaria atuando e favorecendo os madeireiros e isso foi feito de uma forma muito explícita. Tem vídeo dele apontando para a placa de uma empresa investigada que segundo ele ‘estava tudo certinho’ e que, na verdade, em relação a esta empresa, já existia até laudo pericial apontando as ilegalidades cometidas”, disse ele ao O Globo.
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Substituição
De acordo com os deputados do PT Waldenor Pereira (BA), Joseildo Ramos (BA) e Paulo Teixeira (SP), autores do convite, o delegado da PF terá a oportunidade também de esclarecer sua substituição no cargo no dia 15 de abril. Este ato, portanto, ocorreu um dia após ter feito o pedido de investigação contra o ministro.
“Um ministro que aparece na frente de 200 mil metros cúbicos de madeira derrubados de forma ilegal, além da prevaricação, esse ministro ajuda a destruir oportunidades para nosso país, ainda mais em tempos de pandemia, desafiando parceiros econômicos”, disse Waldenor Pereira.
O delegado ao enfrentar o ministro acabou demitido pelo Diretor da PF, apontam os parlamentares. A princípio, Saraiva tornou-se alvo do governo ao acusar Salles de interferências indevidas no trabalho da Polícia Federal. De acordo com o ex-chefe da PF no Amazonas, o ministro defendia madeireiros flagrados praticando desmatamento ilegal na Amazônia.
O deputado Joseildo Ramos considera ser este “um debate oportuno porque trata de um fato execrável. Um delegado, cumprindo seu papel, inclusive defendendo a natureza, encontra pela frente um ministro ideológico que defende a grilagem e os extrativistas”.
A audiência pública, em formato virtual, acontece às 16h e será transmitida ao vivo pelos canais oficiais da TV Câmara e pelo Youtube da Câmara dos Deputados.
Foto: Reprodução/ Twitter/ Ricardo Salles