A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em curso na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), está direcionando seu foco em direção ao Exército Brasileiro. A informação é o jornalista Alan Rios , publicada no portal Metrópoles .
Após depoimentos que mencionaram explicitamente militares, generais foram convocados para esclarecer os acontecimentos. No entanto, uma movimentação da Força resultou na transformação das convocações em convites, após reuniões que delinearam as estratégias a serem adotadas durante a CPI.
A participação dos membros das Forças Armadas será pautada por duas linhas argumentativas principais, com o objetivo de defender a instituição das acusações levantadas.
A primeira linha de defesa afirma que o acampamento pró-golpe em frente ao Quartel-General do Exército não foi desmontado durante os mais de 60 dias de sua existência devido à ausência de uma decisão judicial.
A segunda linha de argumentação sustenta que não havia meios logísticos para prender os apoiadores de Bolsonaro em 8 de janeiro, devido à “incapacidade logística”.
Na próxima sessão, agendada para quinta-feira (18/5), o general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP), comparecerá para prestar depoimento.
Já estão marcadas as datas dos depoimentos de outros militares de alta patente, como Augusto Heleno (1º de junho) e Gonçalves Dias (15 de junho).
Antes das audiências, assessores parlamentares do Exército, a pedido do Comandante, general Tomás Miguel Miné, realizaram uma série de visitas à Câmara Legislativa.
Durante essas visitas, os assessores, vestindo terno e gravata de forma discreta, acompanharam uma sessão da CPI e se reuniram com deputados.
Nas conversas, um dos temas abordados foi a solicitação que já gerou controvérsias durante o andamento dos trabalhos: os generais não queriam comparecer à comissão como convocados. Nessa condição, a participação se tornaria obrigatória, o que, segundo interlocutores, resultaria em uma “desmoralização” dos militares.
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Assim, foi feito o pedido para que os requerimentos de convocação fossem transformados em convites. No entanto, Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro, já havia sido convidado, mas recusou no último momento, mesmo após ter escolhido uma data para depor, alegando ter sido aconselhado a evitar acirrar o tema da tentativa de golpe.
Os assessores confirmaram, no entanto, a presença dos generais. “Eles disseram que desejam falar, expor toda a situação. E foi positivo, porque em uma convocação eles poderiam recorrer com uma liminar, mas eles desejam depor”, afirmou o relator da CPI, deputado Hermeto (MDB).
Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil