Iram Alfaia , da Redação
Comandante Militar da Amazônia (CMA) entre 2011 e 2014 e ex-comandante do Exército Brasileiro em 2015, o general Eduardo Villas Bôas, hoje assessor do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do Palácio do Planalto, disse que é curioso a Noruega apontar o dedo para o Brasil cobrando responsabilidade ambiental depois de estar entre os três países do mundo que autorizam a caça de baleias.
“A maioria das baleias saudáveis são (sic ) prenhas”, disse.
As críticas foram feitas durante palestra no Instituto Histórico Geográfico de Brasília, no último dia 5.
Villas Bôas fez referência à ameaça do país escandinavo de parar a doação de recursos para o Fundo Amazônia caso o governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), insista em mudar o modelo de gestão do programa.
Dos R$ 3,4 bilhões doados ao fundo, 93% vieram da Noruega e o restante da Alemanha e da estatal Petrobrás.
Além da caça à baleia, o general lembrou que a Noruega explora petróleo em áreas sensíveis, como o círculo polar ártico, e é dona de 30% da Hydro, mineradora acusada de possuir um “duto clandestino” que lançou rejeitos no rio de Barcarena, no Pará.
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Intromissão e “déficit de soberania”
Depois de doar R$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia, o general diz que o país agora se acha na autoridade para se intrometer nas questões internas do Brasil.
Ele citou Noruega, Alemanha, Holanda e Estados Unidos como países que têm cobiças pelos recursos naturais da região.
Segundo Villas Bôas, há ações orquestradas por meio de ongs e alguns organismos internacionais que “têm gerado um déficit de soberania na Amazônia”.
“O que me impressiona é que a inteligência nacional não entendeu até hoje que essas são novas ferramentas de atuação do imperialismo, porque politicamente não se aceita a guerra de conquista em função da descolonização”.
O general afirmou que esses países, que querem explorar os recursos naturais da região, usam de subterfúgios. “Se não podem explorar, pelo menos neutralizam. Nós, do Brasil, temos sido de uma parcialidade impressionante”.
Ele opinou que, pela primeira vez, o governo brasileiro resolveu se contrapor a todo esse conjunto de ideias que compõe o politicamente correto.
“As Forças Armadas têm procurado se contrapor a isso”, disse.
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Falta política para potencialidades
Apesar do elogio à postura do governo Bolsonaro, Villas Bôas disse que até hoje não existe uma política e um órgão para cuidar da região amazônica. “Com raras exceções do passado, como Marquês de Pombal, ciclo da borracha e depois os governos militares”.
Estudos não conclusivos, segundo o general, revelam que a região tem potencial para gerar US$ 23 trilhões (17 trilhões em recursos naturais e 6 em biodiversidade).
“Outro aspecto importante é que a região abriga soluções para problemas mais importantes da humanidade, como água, produção de alimentos, energia renovável, biodiversidade, mudanças climáticas, minério e por aí vai”, afirmou.
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Região é prioridade
No período que atuou na região, ele diz que os problemas foram a falta de infraestrutura, desmatamento, contrabando e questões sociais.
“O Exército vai continuar olhando para essa região a partir do estabelecimento de que a Amazônia é a prioridade número um. Isso foi estabelecido na estratégica nacional de defesa e a prioridade continua”, disse.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado