O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a formação de um grupo de trabalho (GT) destinado a analisar as cooperações internacionais relacionadas à operação Lava Jato.
Além disso, o ministro também informou que a Polícia Federal (PF) irá examinar o relatório administrativo elaborado pela corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual apontou uma “gestão caótica” da operação e levantou preocupações sobre a destinação de recursos financeiros na Lava Jato.
Dino revelou essas medidas em uma coletiva realizada na sede do ministério, destacando que a solicitação para a criação do GT partiu do corregedor do CNJ, ministro Luís Felipe Salomão.
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O relatório do CNJ mencionou práticas questionáveis por parte de procuradores e juízes envolvidos na operação, incluindo figuras proeminentes como o ex-procurador Deltan Dallagnol e o senador e ex-juiz Sergio Moro.
O ministro enfatizou que há dois acordos financeiros em investigação, um deles envolvendo a Petrobrás no valor de R$ 2 bilhões, que incluiu cooperação internacional.
Ele esclareceu que o pagamento, feito pela Petrobrás no contexto de um acordo da força-tarefa da 13ª Vara com a participação dos Estados Unidos e Suíça, não foi repassado à Petrobrás como deveria.
Dessa forma, o GT proposto visa auxiliar o Conselho Nacional de Justiça na análise do fluxo financeiro significativo relacionado à 13ª Vara.
Investigação
A Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) enviou um resumo de suas descobertas relacionadas à 13ª Vara Federal de Curitiba, onde ocorreu a Operação Lava-Jato, aos conselheiros do CNJ.
O relatório lança dúvidas sobre a conduta dos magistrados envolvidos, incluindo o ex-juiz Sergio Moro, ao destacar a falta de clareza na gestão financeira dos recursos provenientes de delações e ações da força-tarefa, segundo reportagem do jornalista Robson Bonin, na revista Veja.
Estima-se que os desvios possam somar cerca de R$ 2,5 bilhões.
O cerne da investigação aponta para uma administração financeira tumultuada dos valores resultantes de acordos de colaboração e leniência, homologados pelo tribunal de Curitiba.
Segundo o documento, os magistrados que atuaram durante a Operação Lava-Jato agiram de forma imprudente, ignorando deveres básicos de transparência, imparcialidade e prudência.
Eles permitiram a transferência de recursos e bens apreendidos para a Petrobras e outras empresas antes mesmo do término dos processos, prejudicando assim os interesses de entidades privadas.
Além disso, a investigação menciona uma possível negociação obscura entre a força-tarefa da Lava-Jato e a Petrobras, intermediada pelo então juiz Sergio Moro, com o objetivo de criar a Fundação Lava-Jato, que receberia uma quantia substancial de dinheiro da companhia petrolífera.
Os investigadores alegam que uma quantia semelhante foi destinada à estatal pela Lava-Jato de maneira irregular entre 2015 e 2018.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil