O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), reagiu, neste domingo (18), à acusação do presidente Jair Bolsonaro de que o parlamentar “atropelou a votação” da LDO/2022, na quinta-feira (15), no Congresso Nacional, para facilitar a aprovação da “jabuticaba” chamada fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões.
“Desafio o sr. para um debate sobre o fundão eleitoral que o seu governo criou”, reagiu a Bolsonaro o deputado amazonense (na foto, no dia da votação ) por meio do Twitter.
Ao deixar o Hospital Vila Nova Star, pela manhã, em São Paulo, onde estava internado para tratar de uma obstrução intestinal, o presidente falou, entre outros assuntos, da aprovação do fundo de campanha nas eleições do próximo ano e seu eventual veto.
Bolsonaro revelou-se incomodado com o valor aprovado, pois é o Poder Executivo quem terá de dispor da cifra bilionária.
“Sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar um bom sinal para isso tudo aí. Afinal de contas, eu já antecipo, R$ 6 bi pra fundo eleitoral, para financiamento de campanhas, pelo amor de Deus”, afirmou.
Na sequência, Bolsonaro passou a responsabilizar Ramos pela aprovação dos R$ 5,7 bilhões embutidos no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A LDO determina as metas e prioridades para os gastos do governo de 2022. Vacinas, creches, casas e tratamento de câncer estão entre as despesas prioritárias.
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Ataque e contra-ataque
De acordo com o presidente, Ramos, que presidia a sessão, “passou por cima” e não pôs em votação um destaque à redação da LDO que alteraria o texto para suprimir a previsão de reajuste do fundo eleitoral.
E Bolsonaro prosseguiu no ataque a Marcelo Ramos. “Então, num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba. O Parlamento descobriu, foi tentando destacar para que a votação fosse nominal. Essa questão, o presidente Marcelo Ramos, do Amazonas… Pelo amor de Deus o estado do amazonas ter um parlamentar como esse, pelo amor de Deus”, afirmou.
Ao tomar conhecimento da acusação de Bolsonaro, Marcelo Ramos revidou: “Tem coragem Bolsonaro? Desafio o sr. para um debate sobre o fundão eleitoral que o seu governo criou. Pode escolher o dia, local e horário. Estarei lá! Sem medo! Se quiser, já falamos dos sobrepreços de vacinas, rachadinhas e outras maracutaias. Tem coragem ou vai fugir?”.
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Pedido do destaque
Por ocasião do pedido de destaque para suprimir o fundo eleitoral da votação de quinta-feira, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) disse considerar o aumento indecente e imoral.
Girão chegou a sugerir que o destaque apresentado pelos senadores do seu partido fosse reestabelecido e disse que, caso contrário, não poderia votar a favor da aprovação por causa do aumento do fundo.
O vice-presidente do Congresso na sessão, Marcelo Ramos, explicou, por sua vez, que não seria possível retomar um destaque e votar pela derrubada apenas dessa parte, já que os destaques haviam sido rejeitados durante a votação dos deputados.
Por fim, o presidente Bolsonaro disse também, conforme Estadão e UOL , que os parlamentares são acusados injustamente de ter votado a favor do “fundão”.
Para o presidente, com o valor de R$ 6 bilhões, daria para recapear grande parte da malha rodoviária do país ou concluir as obras que levam água para o Nordeste.
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados